INTERPRETAÇÃO



Coletânea de provas e exercícios de interpretação de texto

Felicidade Clandestina - Clarice Lispector

1. “Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma tortura chinesa. Como casualmente, informou-me que possuía As Reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato. Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o. E completamente acima de minhas posses. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia seguinte e que ela o emprestaria. Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança da alegria: eu não vivia, eu nadava devagar num mar suave, as ondas me levavam e me traziam. No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobrado como eu, e sim numa casa. 

Não me mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez. Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do dono de livraria era tranqüilo e diabólico. No dia seguinte lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração batendo. Para ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em seu poder, que eu voltasse no dia seguinte. Mal sabia eu como mais tarde, no decorrer da vida, o drama do "dia seguinte” com ela ia se repetir com meu coração batendo. E assim continuou. Quanto tempo? Não sei.” (FELICIDADE CLANDESTINA, Clarice Lispector).

De acordo com o texto, classifique as afirmações abaixo como verdadeiras (V) ou falsas (F).

I. Há uma diferença social entre as duas personagens.
II. A narradora é filha do dono da livraria.
III. A esperança de ler o livro fez a amizade entre as duas meninas.
IV. Morar em um sobrado é sinal de inferioridade social.
V. “Plano secreto” e “tortura chinesa” funcionam como sinônimos no texto.
São verdadeiras:
A) Apenas a II, a III e a V
B) Apenas a I, a IV e a V
C) Apenas a I, a II e a V
D) Apenas a II, a IV e a V

2. No trecho “Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o.” (FELICIDADE CLANDESTINA, Clarice Lispector), fica evidente:
A) Gradação de sentimentos da narradora.
B) Seqüência de fatos vividos no passado.
C) Descaso da narradora com a leitura.
D) Descrição física do livro.

3. Na prosa intimista, mesclam-se fatos e opiniões. Nos fragmentos abaixo, extraídos do conto O grande passeio (Felicidade clandestina), assinale a alternativa que contém apenas fato.
A.  “Era uma velha sequinha que, doce e obstinada, não parecia compreender que estava só no mundo.”
B.  Mocinha nascera no Maranhão, onde sempre vivera
C.  “Pôs-se então a comer, absorta, com o mesmo ar de fastio que os gringos do Maranhão têm.”
D.  “A estrada era mais bonita que o Rio de Janeiro, e subia muito.”



4. Leia o primeiro parágrafo da crônica A repartição dos pães e assinale a alternativa incorreta.


         Era sábado e estávamos convidados para o almoço de obrigação. Mas cada um de nós gostava demais de sábado para gastá-lo com quem não queríamos. Cada um fora alguma vez feliz e ficara com a marca do desejo. Eu, eu queria tudo. E nós ali presos, como se nosso trem tivesse descarrilado e fôssemos obrigados a pousar entre estranhos. Ninguém ali me queria, eu não queria a ninguém. Quanto a meu sábado – que fora da janela se balançava em acácias e sombras – eu preferia, a gastá-lo mal, fechá-lo na mão dura, onde eu o amarfanhava como a um lenço. À espera do almoço, bebíamos sem prazer, à saúde do ressentimento: amanhã já seria domingo. Não é com você que eu quero, dizia nosso olhar sem umidade, e soprávamos devagar a fumaça do cigarro seco. A avareza de não repartir o sábado ia pouco a pouco roendo e avançando como ferrugem, até que qualquer alegria seria um insulto à alegria maior.

(LISPECTOR, Clarice. Felicidade clandestina. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.)

A.  O trecho em questão revela características do estilo de Clarice Lispector, tais como: narrativa concentrada no espaço mental das personagens; despreocupação em descrever fisicamente as personagens e nomeá-las; importância secundária do enredo.
B.  A personagem narradora parece traduzir o que a autora dizia sobre ela mesma: mais que uma escritora, era uma “sentidora”, porque registrava em palavras aquilo que sentia.
C. O emprego dos pronomes eu, nós e você causa uma impressão de sentimento coletivo em relação ao sábado desperdiçado pelas personagens naquele momento e lugar.
D. Em  “cada um fora  alguma vez feliz” e “que fora da janela” as palavras grifadas são homônimas homógrafas e pertencem a mesma classe gramatical.
 5. Leia o texto para responder à questão:
 “ Apesar de achar que o carnaval era meu, meu, eu dele pouco participava. Apenas deixavam-me ficar até às onze horas ao pé da escada do sobrado onde morávamos, para ver os outros se divertirem. Ganhava um lança-perfume e um saco de confete, que economizava para os três dias. Tinha medo das    máscaras por suspeitar que o rosto humano também fosse uma. Nunca me fantasiavam, pois a preocupação era com minha mãe doente. Mas uma de minhas irmãs enrolava meus cabelos lisos, pintava minha boca de batom e passava ruge no meu rosto. Mas houve um carnaval diferente, quando a mãe de uma amiga  minha resolveu fantasiar a filha com o figurino Rosa. Boquiaberta, assistia a fantasia tomar forma, na qual as folhas de papel crepom nem de longe lembravam as pétalas da flor, mesmo assim era a fantasia mais bela que já vira. Como sobrou material, a mãe da menina resolveu fazer uma fantasia para mim também. Quase arrebentei de felicidade. Só os preparativos já me deixavam tonta de alegria. Não agüentava tanta ansiedade.”
(Restos de Carnaval, Felicidade Clandestina – Clarice Lispector).
Sobre o fragmento lido e os demais contos de Felicidade Clandestina, de Clarice Lispector, só NÃO
é correto afirmar que:
A) sua narrativa não é linear, pois a ênfase está na subjetividade e no inconsciente expostos numa prosa introspectiva.
B) a denominação dos personagens e a referência à paisagem, em que os fatos ocorrem, são  prioridades nos textos da autora.
C) o fluxo da consciência e a liberação das idéias revelam a vivência psicológica das personagens.
D) predomina o tempo psicológico, visto que é o fluxo do pensamento das personagens que importa na narrativa.
E) suas personagens descobrem-se num mundo absurdo; tal descoberta dá-se normalmente diante de um fato inusitado, pelo menos para a personagem.






                                                                                                                                                          Gabarito1b; 2a; 3b; 4d; 5b





A Rua

Adelino Magalhães


Ah! sim, um despejo, aquilo!
Lépido boêmio em farrapos e de rotíssimo boné à cabeça, isso talvez tu compreendas: que, quando se é pobre, não se pode pagar: e que quando não se pode pagar...tem-se de sofrer qualquer coisa que se não sabe o que é, que se não sabe até aonde vai...
Vingança da miséria – a miséria desses trastes desengonçados e sujos, desses cacarecos a desestetizar, como uma mazela odienta, a serena reta orgulhosa da rua, flanqueada de caprichadas arquiteturas...


Os miseráveis talvez não pensem – inconsciente vingança – nessa vingança!
Talvez na casa alheia já comecem a sofrer os covardes vexames de amigos, - já cochichem com os olhos a verdade duríssima dessa nova e mais dolorosa miséria, e talvez as crianças choraminguem de fome; e talvez, no íntimo, choraminguem todos de saudade!
De saudade choraminguem de sua velha cama; de sua mesa sem uma perna; de sua bacia já em furos; de seu lavatório de sardento espelho amarelado e de sua antiga moringa, sem gargalo – que essa, pelos menos, se não fosse o pavoroso afã da debandada, poderiam ter trazido...
Miséria! Os filósofos te suportam porque... não te conhecem!

QUESTÕES:

01) Depreende-se do texto que não é símbolo material de miséria:
(A) moringa sem gargalo;
(B) mesa capenga;
(C) cama desconjuntada;
(D) bacia furada;
(E) reta serena.

02) A causa mais íntima e profunda do choro das crianças seria(m):
(A) a saudade;
(B) os vexames dos amigos;
(C) a verdade duríssima;
(D) os filósofos;
(E) as caprichadas arquiteturas.

03) “...caprichadas arquiteturas...” são:
(A) barracos;
(B) palacetes;
(C) as ruas serenas;
(D) os trastes desengonçados e sujos;
(E) cacarecos desestetizantes.

04) “De saudade choraminguem de sua velha cama”. As partículas “de”, duas vezes presentes nesse enunciado, denotam respectivamente:
(A) causa e agente do sentimento;
(B) posse e causa;
(C) meio e objeto do sentimento;
(D) causa e objeto do sentimento;
(E) causa e instrumento.

05) O adjetivo “andrajoso” aplica-se com perfeição ao boêmio, principalmente por
causa dos dois seguintes termos:
(A) lépido e boné;
(B) boêmio e farrapo;
(C) farrapos e rotíssimo;
(D) farrapos e cabeça;
(E) lépido e cabeça.

06) Em função do título do texto e seu próprio estilo narrativo, o Autor era, no momento do despejo:
(A) um pobre miserável e desocupado;
(B) um político influente e aproveitador;
(C) um simples transeunte ocasional;
(D) um jornalista sedento de sensacionalismo;
(E) um sádico espectador.

07) Pelo texto, percebemos que o lavatório é:
(A) antigo e manchado;
(B) enfeitado de gravuras;
(C) pintado de amarelo;
(D) sujo, embora novo;
(E) pobre e inútil.

08) A vingança da miséria consiste em:
(A) propiciar os covardes vexames de amigos;
(B) quebrar a serenidade e o orgulho da imponente rua;
(C) desestetizar os trastes desengonçados e sujos;
(D) flanquear as ruas de caprichosas arquiteturas;
(E) provocar choro nas crianças.

09) “...os covardes vexames de amigos...” consistem em:
(A) suportarem a miséria;
(B) choramingarem de fome e de saudade;
(C) sentirem-se intrusos em casa alheia;
(D) possuírem bacia furada e moringas sem gargalo;
(E) desestetizarem com seus trastes a serenidade da rua.

10) As palavras iniciais do texto são dirigidas:
(A) à rua;
(B) aos despejados;
(C) às crianças;
(D) ao próprio Autor: é um monólogo.
(E) ao boêmio.

Gabarito: 1e; 2a; 3e; 4c; 5c; 6c; 7a; 8b; 9a; 10e.


Stents medicamentosos podem trazer mais benefícios que os comuns

Pesquisas desfazem má impressão deixada por dados anteriores.Uso de estratégia diminui necessidade de novas intervenções.          Luis Fernando Correia




Os stents medicamentosos, mais modernos e mais caros, sofreram críticas intensas após uma pesquisa, em 2006, apontar aumento da mortalidade nos pacientes tratados com eles. Na edição de 7 de maio da revista "The New England Journal of Medicine", duas pesquisas demonstram a superioridade dos stents medicamentosos sobre os comuns.

No primeiro estudo, pacientes com infartos agudos do coração receberam stents comuns ou medicamentosos. O grupo dos stents medicamentosos necessita menos de novos procedimentos por fechamento das artérias tratadas no primeiro ano pós-tratamento. Na outra pesquisa, todos os pacientes que receberam stents na Suécia entre 2003 e 2006 foram acompanhados. Os que foram tratados com stents medicamentosos também mostraram que seu risco de  reobstrução era menor. A mortalidade, que foi o motivo principal da crítica em 2006, não foi alterada entre os dois grupos nos dois estudos.

Alem dessas evidências, um    grande estudo  sobre  o tema  foi  apresentado no Congresso da  Associação  Americana do Coração. Mais de 260 mil casos  de   tratamento com stents dos dois tipos foram avaliados. Nesse estudo, os stents medicamentosos foram associados a uma diminuição das mortes e infartos não fatais. Os especialistas avaliam que as diferenças entre os achados anteriores e os atuais podem se dever a uma melhor seleção dos pacientes candidatos ao tratamento.
A angioplastia é um tratamento que desobstrui as artérias através de um cateterismo. Nesse procedimento, um cateter com um pequeno balão é guiado até a região fechada da artéria. Quando atinge a obstrução, o     balão é inflado  ereabre a artéria, comprimindo a placa de gordura contra a parede arterial. Como existia a possibilidade do fechamento da artéria logo após sua reabertura, foram desenvolvidos os stents. Essas pequenas estruturas metálicas têm o formato de molas, que se expandem e mantêm a artéria aberta após a angioplastia.

O desenvolvimento posterior foi a adição  de medicamentos aos stents com o intuito de prevenir a formação de trombos nas regiões tratadas das artérias. O futuro parece ser dos stents biodegradáveis, que se dissolvem após algum tempo. Resta aguardar a evolução tecnológica e os resultados clínicos de sua aplicação.
http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL1113807-5603,00-STENTS+MEDICAMENTOSOS+PODEM+TRAZER+MAIS+ BENEFICIOS+QUE+OS+ COMUNS.html

03. O assunto principal do texto, é:
A) A imprecisão das pesquisas da área médica.
B) O aumento da mortalidade nos pacientes tratados com stents medicamentosos.
C) As vantagens dos stents medicamentosos sobre os comuns.
D) As pesquisas sobre stents biodegradáveis.

04. De acordo com o texto, as intensas críticas que os stents medicamentosos sofreram após uma pesquisa realizada
em 2006 se deveram ao fato desta pesquisa apontar para:
A) Seu custo elevado.
B) Aumento da mortalidade nos pacientes tratados comeles.
C) A diminuição da necessidade de novos procedimentos por fechamento das artérias apenas no primeiro ano póstratamento.
D) O aumento do risco de reobistrução em pacientes tratados com eles.

05. Ainda de acordo com o texto, a mortalidade dos pacientes tratados com stents medicamentosos:
A) É maior que a dos pacientes tratados com stents comuns apenas na primeira pesquisa citada.
B) É, em todos os estudos mostrados, maior que a dos pacientes tratados com stents comuns.
C) É maior que a dos pacientes tratados com stents comuns na primeira pesquisa citada, e menor em uma das pesquisas publicada na edição de 7 de maio da revista "The New England Journal of Medicine".
D) É maior que a dos pacientes tratados com stents comuns na primeira pesquisa citada, e também maior em uma das
pesquisas publicada na edição de 7 de maio da revista "The New England Journal of Medicine".

06. Depois de ler atentamente o texto acima, podemos afirmar que nele são citadas algumas pesquisas que
demonstram a superioridade dos stents medicamentosos sobre os comuns. Estas pesquisas são em número de:
A) 2
B) 3
C) 4
D) 1

07. A partir da leitura do texto, podemos inferir que, no primeiro estudo publicado na edição de 7 de maio da revista "The New England Journal of Medicine":
A) Os pacientes que receberam stents comuns não necessitaram de novos procedimentos por fechamento das artérias.
B) Os pacientes que receberam stents medicamentosos não necessitaram de novos procedimentos por fechamento
das artérias.
C) Os pacientes que receberam stents medicamentosos só necessitaram de novos procedimentos por fechamento
das artérias depois do primeiro ano pós-tratamento.
D) Tanto no grupo dos pacientes que receberam stents comuns quanto no daqueles que receberam stents 
medicamentosos, houve casos em que o paciente precisou de novo procedimento por fechamento das artérias já no primeiro ano pós-tratamento.








Leia o texto para responder às próximas 3 questões.


No fim da década de 90, atormentado pelos chás de cadeira que enfrentou no Brasil, Levine resolveu fazer um levantamento em grandes cidades de 31 países para descobrir como diferentes culturas lidam com a questão do tempo. A conclusão foi que os brasileiros estão entre os povos mais atrasados – do ponto de vista temporal, bem entendido – do mundo. Foram analisadas a velocidade com que as pessoas percorrem determinada distância a pé no centro da cidade, o número de relógios corretamente ajustados e a eficiência dos correios. Os brasileiros pontuaram muito mal nos dois primeiros quesitos. No ranking geral, os suíços ocupam o primeiro lugar. O país dos relógios é, portanto, o que tem o povo mais pontual. Já as oito últimas posições no ranking são ocupadas por países pobres.
O estudo de Robert Levine associa a administração do tempo aos traços culturais de um país. “Nos Estados Unidos, por exemplo, a ideia de que tempo é dinheiro tem um alto valor cultural. Os brasileiros, em comparação, dão mais importância às relações sociais e são mais dispostos a perdoar atrasos”, diz o psicólogo. Uma série de entrevistas com cariocas, por exemplo, revelou que a maioria considera aceitável que um convidado chegue mais de duas horas depois do combinado a uma festa de aniversário. Pode-se argumentar que os brasileiros são obrigados a ser mais flexíveis com os horários porque a infraestrutura não ajuda. Como ser pontual se o trânsito é um pesadelo e não se pode confiar no transporte público?

(Veja, 02.12.2009)


(TJ/SP – 2010 – VUNESP) 24 - De acordo com o texto, os brasileiros são piores do que outros povos em

(A) eficiência de correios e andar a pé.
(B) ajuste de relógios e andar a pé.
(C) marcar compromissos fora de hora.
(D) criar desculpas para atrasos.
(E) dar satisfações por atrasos.


(TJ/SP – 2010 – VUNESP) 25 - Pondo foco no processo de coesão textual do 2.º parágrafo, pode-se concluir que Levine é um

(A) jornalista.
(B) economista.
(C) cronometrista.
(D) ensaísta.
(E) psicólogo.


(TJ/SP – 2010 – VUNESP) 26 - A expressão chá de cadeira, no texto, tem o significado de

(A) bebida feita com derivado de pinho.
(B) ausência de convite para dançar.
(C) longa espera para conseguir assento.
(D) ficar sentado esperando o chá.
(E) longa espera em diferentes situações.


Usina Nuclear no Nordeste



          O Governo Federal já deixou claro que os planos da Eletrobrás para o Nordeste não se resumem à construção de novas hidrelétricas. E mais cedo do que se esperava, em cerca de três anos, o sistema deve anunciar a construção da primeira usina nuclear da Região, tendo as proximidades do Rio São Francisco como um dos maiores candidatos ao projeto, segundo afirmou com
exclusividade à coluna o presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva. Nas palavras do executivo, a Chesf pode ser uma parceira natural desse projeto. Mas essa intenção – já que não se tratam de estudos oficiais – só será revelada no início de 2007, quando a estatal divulgará o seu programa estratégico para os próximos dez anos. Para se ter ideia do tamanho do negócio, os reatores
mais modernos do mundo, com potência de 1 mil Megawatts, custam cerca de US$ 2 bilhões. A usina de Angra I, por exemplo, dispõe de 626 Megawatts.




     No entanto, antes de se levar adiante um empreendimento desse porte, é preciso iniciar uma polêmica discussão com os órgãos de defesa ao meio ambiente, pois até os estudos de localização dessas usinas só podem prosseguir com autorização do Conselho Nacional de Política Energética. Se a discussão sobre a transposição do “Velho Chico” deu trabalho, imaginem então a construção de uma usina nuclear...

     “Chernobyl foi um trauma, não se constroem mais usinas daquela forma.” (Othon Luiz Pinheiro da Silva, presidente da Eletronuclear, minimizando o temor da população quando o assunto é a instalação de reatores nucleares no País). CAMPOS, Bruna Siqueira. Folha de Pernambuco. Folha Econômica. p.2. (adaptado)


1. O tópico central do texto é
A) a transposição do “Velho Chico”.
B) o programa estratégico da Chesf.
C) a construção de uma usina nuclear no Nordeste.
D) a construção de novas hidrelétricas no Nordeste.
E) a discussão com os órgãos de defesa ao meio ambiente.

2. O segundo parágrafo tem como foco
A) o porte do empreendimento.
B) as controvérsias ambientais.
C) os estudos de localização das usinas.
D) a transposição do “Velho Chico”.
E) o Conselho Nacional de Política Energética.
3. O teor do texto indica que a sua autora tem como objetivo
A) criticar a construção de usinas nucleares no Nordeste.
B) defender interesses relacionados à proteção ambiental.
C) denunciar o volume de gastos necessários ao projeto.
D) chamar a atenção sobre os planos da Eletrobras para o Nordeste.
E) discutir a transposição do rio São Francisco.

4. Para conferir fidedignidade às informações do texto, a autora
A) apresenta a sua própria opinião sobre o assunto.
B) cita o nome de autoridade responsável.
C) faz comparação entre Angra I e usinas modernas.
D) introduz pontos de vista opostos.
E) mostra dados de estudos oficiais.
5. Observe a frase “Chernobyl foi um trauma, não se constroem mais usinas daquela forma”. Considerando o autor da frase, bem como o contexto em que ela foi proferida, indique a opção que traduz o seu conteúdo.
A) Ninguém precisa se preocupar: não teremos usina nuclear no Nordeste.
B) Chernobyl agora está moderna e já não oferece riscos de acidentes.
C) Em Chernobyl, o governo russo não se preocupou com a segurança.
D) A população não precisa temer, pois a usina nuclear será moderna e segura.
E) Respeitaremos as normas de segurança determinadas em Chernobyl.

6. Considerando o modo como o tema foi desenvolvido no texto, pode-se dizer que a função de linguagem predominante é a
A) apelativa.
B) expressiva.
C) metalingüística.
D) poética.
E) referencial.
7. Aponte a única expressão do texto que NÃO indica
circunstância temporal.
A) mais cedo (linha 2)
B) em cerca de três anos (linha 2)
C) primeira usina nuclear (linha 2)
D) no início de 2007 (linha 5)

E) antes de se levar (linha 9)

Gabarito -1.c-2.b-3.d-4.b-5.d-6.e-7.c




Por que sentimos mais dor no frio?


A psicologia evolutiva diz algo parecido com o que sua mãe diria: "É pra você aprender" por Nathália Braga



Sabe a diferença entre fatalidade e tragédia? Fatalidade é bater o pé no batente da porta; tragédia é bater em um dia frio. O que torna a dor maior nas temperaturas menores é a contração dos músculos e dos vasos sanguíneos.
A intenção do nosso corpo até que é das melhores: os músculos contraem-se involuntariamente para se manterem aquecidos, e o sangue sai das articulações em direção ao tronco para manter nossa temperatura constante. O problema, como qualquer mindinho pode confirmar, é que uma pancada em uma articulação contraída e sem sangue dói muito mais que uma normal. Uma hipótese é que, além disso, o frio tornaria mais sensíveis os receptores livres, os terminais nervosos que levam a sensação de dor para o cérebro.

Segundo a psicologia evolutiva, a intenção é que doa mais mesmo. Parece contraintuitivo, mas a teoria é a seguinte: como no frio a prioridade é se aquecer, não se mexer, ao longo do tempo teriam sido selecionados os indivíduos que sentiam mais dor e, consequentemente, se arriscavam menos às baixas temperaturas. Como diz o sociobiólogo Robert Trivers, "a Mãe Natureza prefere seus filhos mais comportados".  http://super.abril.com.br/ciencia/sentimos-mais-dor-frio-605758.shtml



01. O assunto principal do texto é:
A) A astúcia da mãe natureza.
B) A percepção da dor em dias frios.
C) A teimosia dos seres humanos.
D) A diferença entre fatalidade e tragédia.

02. De acordo com o texto, é correto afirmar que sentimos
mais dor em dias frios porque:
I. Nossos músculos ficam contraídos para se manterem
aquecidos.
II. Ficamos com menos sangue nas articulações.
III. Os nervos que levam a sensação de dor ao nosso
cérebro ficam menos irrigados de sangue.
A) Apenas I e II estão corretos.
B) Apenas I e III estão corretos.
C) Apenas II e III estão corretos.
D) Todos estão corretos.

03. Assinale a opção em que se faz uma afirmação não-autorizada pelo contexto do texto:
A) As pancadas doem mais em dias frios.
B) A dor mais forte em dias frios serve para nos convencer a
nos arriscar menos em baixas temperaturas.
C) A dor maior em dias frios se deve ao fato de nosso corpo
priorizar a manutenção da temperatura.
D) As tragédias ocorrem sempre em dias frios.


04. De acordo com o contexto do texto, podemos perceber que a relação que o autor faz entre a mãe natureza e as nossas mães é uma relação de:
A) Contraposição.
B) Causa e conseqüência.
C) Analogia.
D) Conclusão.

05. Assinale a única alternativa em que não se faz uma paráfrase (reescrita do texto, mantendo-se a ideia original) adequada da frase “Fatalidade é bater o pé no batente da porta; tragédia é bater em um dia frio.” (l.1)
A) Fatalidade é bater o pé no batente da porta, enquanto tragédia é bater em um dia frio.
B) Fatalidade é bater o pé no batente da porta, mas tragédia é bater em um dia frio.
C) Fatalidade é bater o pé no batente da porta e tragédia é bater em um dia frio.
D) Fatalidade é bater o pé no batente da porta, portanto, tragédia é bater em um dia frio.

06. A partir da leitura do texto, podemos afirmar que a expressão “contraintuitivo” significa:
A) Que se percebe facilmente.
B) Sem sentido, ilógico.
C) Contestável, difícil de entender.

D) Evidente, incontestável.

Gabarito -1.b-2.a-3.c-4.c - 5.d-6.d


Efeito cascata

     
   O aquecimento global já é uma realidade da qual não se pode escapar. Se, de repente, por um passe de mágica, o mundo deixasse de jogar gás carbônico e outros gases do efeito estufa na atmosfera, ainda assim o clima ficaria mais quente. A prova está mais evidente no Pólo Norte, mas também em outras regiões do planeta, assoladas por inundações, furacões, secas e outros fenômenos trágicos. Os efeitos se ampliam como se fossem cascata. A segunda parte do relatório do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas), divulgada também no ano passado, detalha isso.

             O derretimento do gelo polar, por exemplo, não é apenas uma curiosidade paisagística. Tanto no Ártico como na Antártica, o fenômeno provoca o aumento do nível do mar — uma das piores consequências do aquecimento global. Os oceanos já subiram 17 centímetros no último século, provocando mais erosão e ressacas em cidades litorâneas. Com meio metro de elevação, calculam cientistas brasileiros, 100 metros de praia seriam consumidos no nordeste brasileiro. Ilhas-nações do oceano Pacífico e países baixos como a Holanda ou regiões como o delta do Ganges, em Bangladesh, seriam inundados.


       Todo mundo se lembra do furacão Katrina, que arrasou Nova Orleans, nos Estados Unidos, em 2005, e expôs o despreparo do país mais poderoso do planeta para enfrentar a fúria dos ventos e do oceano. Dias depois, a costa do Golfo do México se viu às voltas com outro furacão, chamado Rita, causador de prejuízos bilionários, especialmente na indústria
petrolífera do litoral do Texas. No mesmo ano, uma das piores secas se abateu sobre a bacia amazônica. Imagens familiares de rios caudalosos foram substituídas por um deserto, semeado de peixes mortos e barcos abandonados.

      Os dois fenômenos tiveram a mesma origem: um aquecimento anormal das águas do Atlântico. Mais calor na superfície do oceano significou um aumento de vapor d’água na
atmosfera — ou mais combustível para furacões. As águas aquecidas do Atlântico afetaram o regime dos ventos que sopram do Caribe para a América do Sul e normalmente trazem umidade para a Amazônia. O resultado foi a tragédia que se seguiu, debitada na conta das mudanças climáticas resultantes do aquecimento global.
(Guia do Estudante, p. 190, Ed. Abril, 2009)


1. - Qual das situações abaixo melhor explica o sentido da expressão “efeito cascata”, utilizada no texto?
a) A ampliação de fenômenos naturais trágicos em várias regiões do planeta decorrentes do aquecimento global.
b) A emissão desmesurada de gás carbônico e outros gases, causadores do efeito estufa na atmosfera.
c) O aquecimento anormal das águas do Atlântico, fator que desencadeou o surgimento de furacões.
d) O derretimento do gelo polar, fenômeno que provoca o aumento do nível do mar.

2. - Considerando as informações contidas no segundo parágrafo do texto Efeito cascata, assinale a alternativa que completa corretamente o período abaixo.
Tanto no Ártico como na Antártica, o derretimento do gelo polar
a) é uma das piores consequências do aquecimento global.
b) oferece um belo espetáculo paisagístico, apesar de ser um dos principais agentes do aquecimento global.
c) é mais um elo preocupante dentro de uma cadeia de eventos que podem resultar em consequências ainda mais sérias.
d) pode provocar a elevação do nível do mar nas praias do nordeste brasileiro em até cem metros.

3. - No último parágrafo do texto, o autor faz uma referência a dois fenômenos que tiveram a mesma origem: um aquecimento anormal das águas do Atlântico. São eles:
a) a inundação das Ilhas-nações do oceano Pacífico e países baixos, como a Holanda, e o deserto semeado de peixes mortos e barcos abandonados na bacia amazônica.
b) o furacão Katrina, que arrasou Nova Orleans, e o furacão Rita, que causou prejuízos bilionários, especialmente na indústria petrolífera do litoral do Texas.
c) a erosão e as ressacas em cidades litorâneas, provocadas pelo aumento do volume de água nos oceanos.
d) a seca que se abateu na Amazônia e o derretimento do gelo polar no Ártico e na Antártica.

4. - Assinale a alternativa em que, de acordo com o texto, o primeiro elemento não é causa do segundo.
a) derretimento do gelo polar — aumento do nível do mar
b) aquecimento anormal das águas do Atlântico — furacões
c) elevação dos oceanos — erosão e ressacas em cidades litorâneas
d) aquecimento global — emissão de gás carbônico e outros gases na atmosfera

Gabarito -1.a-2.c-3.b4.d

A seda verde da China



     A história da seda e dos bichos que a produzem está repleta de surpresas. A última delas aconteceu há pouco mais de uma década num território situado no noroeste da China, a Manchúria. Ali, junto às margens de um lago, foi encontrada uma nova espécie de bicho-da-seda que apresenta a notável característica de tecer seu casulo com fios de coloração esverdeada. O fio verde, que a princípio pareceu representar uma desvantagem frente ao exigente
mercado da seda, acabou se revelando uma grande qualidade daquelas lagartas chinesas. Além de sua resistência superior à do fio tradicional, a seda verde conquistou de saída um lugar de destaque por enriquecer a indústria com novas possibilidades de combinações de fios em tecidos decorados.




     Considerando a milenar história do cultivo da seda, a descoberta da nova espécie de lagarta tecedora ainda pode ser considerada recente. E, possivelmente, o comércio da seda verde ainda não atingiu a expressão que poderá conquistar no futuro. Na América do Sul, dentro de uma extensa região que compreende o noroeste da Amazônia, vivem algumas espécies de bichos-da-seda em estado selvagem. Talvez em breve tenhamos a surpresa de vê-los incluídos entre os mais cobiçados produtores de fios de seda do planeta.
Revista Super Interessante – 09/1989

1. O assunto principal do texto 01 é:
a) A história da seda.
b) A qualidade superior da seda verde.
c) A descoberta de uma nova espécie de bicho-da-seda.
d) A importância do mercado sul-americano para a seda.

2. As seguintes afirmações encontram embasamento
no texto 1, EXCETO:
a) A mais nova surpresa da história da seda é uma nova espécie que produz fios de coloração esverdeada.
b) Os fios esverdeados produzidos pela nova espécie de bicho-da-seda são mais resistentes
que os tradicionais.
c) Os fios verdes, da nova espécie de bicho-da-seda descoberta na China, foram considerados, desde o início, uma grande descoberta para o mercado da seda.
d) O comércio da seda verde tende a crescer mais nos próximos anos.

3. Ainda a partir da leitura do texto 01, é correto afirmar que:
a) O bicho-da-seda que produz fios esverdeados também é encontrado na Amazônia.
b) A América do Sul é o principal produtor mundial de fios de seda verdes.
c) Os bichos-da-seda só são encontrados, em estado selvagem, no noroeste da Amazônia.
d) Nenhuma das anteriores.

4. São vantagens da nova espécie de bicho-da-seda descoberta na Manchúria, citadas no texto 01, todas
as abaixo, EXCETO:
a) Produzir fios de coloração verde.
b) Produzir fios mais resistentes que os tradicionais.
c) Enriquecer a indústria com novas possibilidades
de combinações de fios em tecidos decorativos.
d) Ser facilmente encontrado na China, maior
produtor mundial de seda.

5. A forma pronominal “-los” (em negrito no texto 01)
se refere aos:
a) Chineses.
b) Sul-americanos.
c) Bichos-da-seda em estado selvagem.
d) Produtores brasileiros.


Gabarito 1.c-2.c-3.d-4.d-5.c




Sobre os perigos da leitura

(Rubem Alves, www.cuidardoser.com.br. Adaptado)

Leia o texto para responder às próximas 3 questões.
(TJ/SP – 2010 – VUNESP)

Nos tempos em que eu era professor da Unicamp, fui designado presidente da comissão encarregada da seleção dos candidatos ao doutoramento, o que é um sofrimento. Dizer esse entra, esse não entra é uma responsabilidade dolorida da qual não se sai sem sentimentos de culpa. Como, em 20 minutos de conversa, decidir sobre a vida de uma pessoa amedrontada? Mas não havia alternativas. Essa era a regra. Os candidatos amontoavam-se no corredor recordando o que haviam lido da imensa lista de livros cuja leitura era exigida. Aí tive uma ideia que julguei brilhante. Combinei com os meus colegas que faríamos a todos os candidatos uma única pergunta, a mesma pergunta. Assim, quando o candidato entrava trêmulo e se esforçando por parecer confiante, eu lhe fazia a pergunta, a mais deliciosa de todas: “Fale-nos sobre aquilo que você gostaria de falar!”. [...]

A reação dos candidatos, no entanto, não foi a esperada. Aconteceu o oposto: pânico. Foi como se esse campo, aquilo sobre o que eles gostariam de falar, lhes fosse totalmente desconhecido, um vazio imenso. Papaguear os pensamentos dos outros, tudo bem. Para isso, eles haviam sido treinados durante toda a sua carreira escolar, a partir da infância. Mas falar sobre os próprios pensamentos – ah, isso não lhes tinha sido ensinado!
Na verdade, nunca lhes havia passado pela cabeça que alguém pudesse se interessar por aquilo que estavam pensando. Nunca lhes havia passado pela cabeça que os seus pensamentos pudessem ser importantes.



01 - De acordo com o texto, os candidatos

(A) não tinham assimilado suas leituras.
(B) só conheciam o pensamento alheio.
(C) tinham projetos de pesquisa deficientes.
(D) tinham perfeito autocontrole.
(E) ficavam em fila, esperando a vez.


02 - O autor entende que os candidatos deveriam

(A) ter opiniões próprias.
(B) ler os textos requeridos.
(C) não ter treinamento escolar.
(D) refletir sobre o vazio.
(E) ter mais equilíbrio.


03 - A expressão “um vazio imenso” (3.º parágrafo) refere-se a

(A) candidatos.
(B) pânico.
(C) eles.
(D) reação.
(E) esse campo.



Gabarito: 1.b -2.a-3.e



Estará o Google nos tornando estúpidos?



Em 2008, Nicholas Carr assinou, na revista The Atlantic, o polêmico artigo "Estará o Google nos tornando estúpidos?" O texto ganhou a capa da revista e, desde sua publicação,encontra-se entre os mais lidos de seu website. O autor nos brinda agora com The Shallows: What the internet is doing with our brains, um livro instrutivo e provocativo, que dosa linguagem fluida com a melhor tradição dos livros de disseminação científica. Novas tecnologias costumam provocar incerteza e medo.






As reações mais estridentes nem sempre têm fundamentos científicos. Curiosamente, no caso da internet, os verdadeiros fundamentos científicos deveriam, sim, provocar reações muito estridentes. Carr mergulha em dezenas de estudos científicos sobre o funcionamento do cérebro humano. Conclui que a internet está provocando danos em partes do cérebro que constituem a base do que entendemos como inteligência, além de nos tornar menos sensíveis a sentimentos como compaixão e piedade.



O frenesi hipertextual da internet, com seus múltiplos e incessantes estímulos, adestra nossa habilidade de tomar pequenas decisões. Saltamos textos e imagens, traçando um caminho errático pelas páginas eletrônicas. No entanto, esse ganho se dá à custa da perda da capacidade de alimentar nossa memória de longa duração e estabelecer raciocínios mais sofisticados. Carr menciona a dificuldade que muitos de nós, depois de anos de exposição à internet, agora experimentam diante de textos mais longos e elaborados: as sensações de  impaciência e de sonolência, com base em estudos científicos sobre o impacto da internet no cérebro humano. Segundo o autor, quando navegamos na rede, "entramos em um ambiente que promove uma leitura apressada, rasa e distraída, e um aprendizado superficial."


A internet converteu-se em uma ferramenta poderosa para a transformação do nosso cérebro e, quanto mais a utilizamos, estimulados pela carga gigantesca de informações, imersos no mundo virtual, mais nossas mentes são afetadas. E não se trata apenas de pequenas alterações, mas de mudanças substanciais físicas e funcionais. Essa dispersão da atenção vem à custa da capacidade de concentração e de reflexão.

(Thomaz Wood Jr. Carta capital, 27 de outubro de 2010, p. 72,

com adaptações)

                                                                               

1. O assunto do texto está corretamente resumido em:

(A) O uso da internet deveria motivar reações contrárias de inúmeros especialistas, a exemplo de Nicholas Carr, que procura descobrir as conexões entre raciocínio lógico e estudos científicos sobre o funcionamento do cérebro.

(B) O mundo virtual oferecido pela internet propicia o desenvolvimento de diversas capacidades cerebrais em todos aqueles que se dedicam a essa navegação, ainda pouco estudadas e explicitadas em termos científicos.

(C) Segundo Nicholas Carr, o uso frequente da internet produz alterações no funcionamento do cérebro, pois estimula leituras superficiais e distraídas, comprometendo a formulação de raciocínios mais sofisticados.

(D) Usar a internet estimula funções cerebrais, pelas facilidades de percepção e de domínio de assuntos diversificados e de formatos diferenciados de textos, que permitem uma leitura dinâmica e de acordo com o interesse do usuário.

(E) O novo livro de Nicholas Carr, a ser publicado, desperta a curiosidade do leitor pelo tratamento ficcional que seu autor aplica a situações concretas do funcionamento do cérebro, trazidas pelo uso disseminado da internet.



2. Curiosamente, no caso da internet, os verdadeiros fundamentos científicos deveriam, sim, provocar reações muito estridentes. O autor, para embasar a opinião exposta no 2o parágrafo,

(A) se vale da enorme projeção conferida ao pesquisador antes citado, ironicamente oferecida pela própria internet, em seu website.

(B) apoia-se nas conclusões de Nicholas Carr, baseadas em dezenas de estudos científicos sobre o funcionamento do cérebro humano.

(C) condena, desde o início, as novas tecnologias, cujo uso indiscriminado vem provocando danos em partes do cérebro.

(D) considera, como base inicial de constatação a respeito do uso da internet, que ela nos torna menos sensíveis a sentimentos como compaixão e piedade.

(E) questiona a ausência de fundamentos científicos que, no caso da internet, [...] deveriam, sim, provocar reações muito estridentes.



3. Em relação à estrutura textual, está correta a afirmativa:

(A) Os quatro parágrafos do texto são independentes, tendo em vista que cada um deles trata, isoladamente, de uma situação diferente sobre a internet.

(B) O 1o parágrafo, especialmente, está isolado dos demais, por conter uma informação, dispensável no contexto, a respeito das publicações de um especialista.

(C) Identifica-se uma incoerência no desenvolvimento do texto, comprometendo a afirmativa de que as novas tecnologias provocam incerteza e medo, embora os sites sejam os mais lidos.

(D) No 3o parágrafo há comprometimento da clareza quanto aos reais prejuízos causados ao funcionamento do cérebro pelo uso intensivo da internet.

(E) A sequência de parágrafos é feita com coerência, por haver progressão articulada do assunto que vem sendo desenvolvido.



4. O segmento inteiramente denotativo é:

(A) O autor nos brinda agora com The Shallows: What the internet is doing with our brains, (...) que dosa linguagem fluida com a melhor tradição dos livros de disseminação cientifica.
(B) Carr mergulha em dezenas de estudos científicos sobre o funcionamento do cérebro humano.
(C) ... esse ganho se dá à custa de alimentar nossa memória de longa duração e estabelecer raciocínios mais sofisticados.
(D) Conclui que a internet está provocando danos em partes do cérebro ...
(E) Saltamos textos e imagens, traçando um caminho errático pelas páginas eletrônicas.

5. Essa dispersão da atenção vem à custa da capacidade de
concentração e de reflexão. (final do texto) O segmento grifado estabelece na frase relação de ......, e pode ser substituído, sem alteração do sentido original,
por ....... As lacunas acima estarão corretamente preenchidas por:
(A) causa imediata −devido à perda da capacidade de concentração e de reflexão.
(B) consequência inesperada −perdendo-se a capacidade de concentração e de atenção.
(C) explicação redundante −pois há a perda da capacidade de concentração e de atenção.
(D) ressalva indispensável −embora se perca a capacidade de concentração e de atenção.
(E) finalidade tardia −para que haja a perda da capacidade  de concentração e de atenção.


Gabarito 1.c- 2.b- 3.e- 4.d-5.b







O resistente camelo


Há imensos desertos de areia na Arábia e na África. O clima ali é quente e seco. Existem longas extensões no deserto em que não há água.
As pessoas não poderiam ir muito longe nele se não tivessem ajuda. Mas elas têm a ajuda do camelo. O camelo pode transportar uma pessoa, além de um fardo pesado. E ele não se importa de viver no deserto. Isso porque tem muitas vantagens que outros animais não têm.

Às vezes, o vento sopra no deserto e a areia acaba entrando em tudo: por exemplo, nos olhos, ouvidos e nariz das pessoas. Mas não nos do camelo. Ele tem longos cílios que impedem a areia de entrar em seus olhos. Não entra nos ouvidos, porque ele possui pelo protegendo as orelhas. E tem a capacidade de fechar as narinas para que a areia não entre. A boca do camelo não é tão delicada quanto a dos outro animais. Ele é capaz de comer as plantas espinhosas do deserto sem machucá-la. As patas do camelo são grandes e chatas e não afundam na areia macia. Ele consegue andar trinta milhas num dia e passar vários dias sem comer nem beber.

Mas é claro que, como todo mundo, ele também precisa de comida e água para viver. Só que não tão frequentemente quanto os outros animais. Quando tem comida, ele come muito. E guarda em sua corcunda. Quando tem água, também bebe um bocado. E conserva-a em outras partes do corpo. Depois vai usando a comida e a bebida à medida que vai necessitando.


O camelo não é um animal amigável nem se importa com os seres humanos. Mas, para os povos do deserto, é um animal extremamente importante. 
Leonora e Arthur Hornblow  





01. De acordo com o texto, o camelo tem algumas vantagens em relação aos outros animais que vivem no deserto. Assinale a única alternativa INCORRETA, sobre essas vantagens.
A. Seus olhos e orelhas são protegidos por cílios e pelos que impedem a areia de entrar.
B. Suas narinas também são protegidas da areia por pelos muitos grossos.
C. A boca do camelo é tão resistente que ele é capaz de comer plantas espinhosas sem se machucar.
D. Graças ao tamanho e ao formato de suas patas, o camelo não afunda na areia macia.
E. O camelo é capaz de passar vários meses sem comer nem beber.

02. Por que o camelo não precisa de água nem de alimento com a mesma frequência que os outros animais?
A. O camelo é um animal resistente e acostumado com a vida difícil nos desertos  e areia, portanto pode passar meses sem beber água e nada acontece a ele.
B. A boca do camelo, que não é delicada, possui um reservatório onde ele armazena água e alimento por vários dias.
C. Diferentemente dos outros animais do deserto o camelo não precisa beber muita água, pois o seu organismo possui uma substância que libera um líquido necessário para sua sobrevivência.
D. O camelo guarda o que come e a água que bebe em sua corcunda e em outras partes do corpo, depois vai usando à medida que vai necessitando.
E. O camelo consegue andar trinta milhas num dia e passar vários dias sem comer nem beber porque recebeu treinamento para resistir a fome e a sede.

03. De acordo com o texto o que significa: “O camelo não é um animal amigável e nem se importa com os seres humanos”?
A. Apesar de dócil e domesticado, o camelo prefere a companhia de outros animais que vivem no deserto.
B. Significa que o camelo não é um animal que se relaciona com os seres humanos, ele não dá atenção para humanos.
C. Porque a função do camelo é somente de transportar pessoas pelo deserto.
D. O camelo, apesar de viver no deserto, só se adapta com as pessoas que vivem na mesma região.
E. A vida do camelo junto aos humanos é triste e cansativa, pois é muito grande a exploração e os maus tratos.

04. Na frase: “O camelo pode transportar uma pessoa, além de um fardo pesado”, a palavra sublinhada significa:
A. o imenso peso que um camelo suporta
B. a facilidade que o camelo tem de viver no deserto
C. a docilidade do camelo em relação ao cavalo
D. as dificuldades de se viver no deserto




Gabarito 1.e- 2.d- 3.b- 4.a





O MOTOBOY E OS FOGOS DE ARTIFÍCIO

Quinta-feira, 20h30, o céu já escuro sobre a cidade. Parei num posto de gasolina para abastecer meu carro. Um motoboy estacionou bem perto de mim, fez uma entrega na loja de conveniência do posto e voltou apressado para a sua moto. Mas antes de chegar até ela, olhou pro céu e viu. Havia fogos de artifício que espocavam de trás de alguns prédios, fogos de artifício coloridos que vinham não se sabia de onde. Eram ralinhos, humildes, e poucos: a comemoração não haveria de ser significativa.
Adicionar legenda
 Mas o motoboy parecia que estava vendo a Torre Eiffel iluminada pela primeira vez.
Uma quinta-feira que não era Natal, Ano-Novo, dia de final de campeonato. Alguém estaria comemorando o nascimento de um filho? Pouco provável, não se comemora a chegada de um bebê com barulho. Talvez algum estudante estivesse comemorando uma nota salvadora no boletim. (...)

O fato é que razão era o que menos importava naquela hora. O motoboy não conseguia desgrudar os olhos do céu e eu não conseguia desgrudar os meus dele, porque é uma raridade a gente se deparar com alguém emocionado, ainda mais numa quinta-feira, ainda mais no final de um dia cansativo, ainda mais num posto de gasolina, ainda mais por um motivo que a gente não consegue adivinhar.
Nossas cabeças estão sempre olhando pra baixo, para os próprios passos, para o caminho a percorrer. Fogos de artifício nos retêm. Erguem nossas cabeças, iluminam o que é escuro, capturam a gente de uma realidade burocrática, repetitiva, sem festa. Fogos de artifício são sinalizadores, há alguém feliz bem próximo, e está repartindo esse estado de espírito com você, que não viveu nada de extraordinário hoje, que estava louco pra chegar em casa, tirar a roupa suada, tomar um banho e ver um pouco de televisão.

Não era a chegada do Papai Noel, não era inauguração de loja, não era show dos Rolling Stones, não era nem mesmo atraente, umas faíscas vermelhas e verdes que eram quase como sinais de trânsito que tivessem sofrido um curto-circuito, mas eram fogos de artifício e o motoboy não conseguiu se mexer, ficou estático e emocionado, olhando-os como se estivesse vendo a Ana Hickman nua ou o lançamento de um foguete: vidrado, encantado, hipnotizado – como a gente deveria às vezes ficar diante do inusitado.
(MEDEIROS, Martha. Coisas da vida. Porto Alegre: L&PM, 2006.)



01 – O texto foi escrito para:
(A) destacar as vantagens de abastecer num posto de gasolina oficial;
(B) vender fogos de artifício numa época de poucas alegrias;
(C) refletir sobre a vida a partir um acontecimento aparentemente banal;
(D) descobrir por que as pessoas soltam fogos de artifícios numa quinta-feira;
(E) criticar a atitude imprudente de quem solta fogos perto de um posto de gasolina.

02 – Considere as afirmações:
I - A autora defende que apenas motoboys, por serem apressados, devem parar e apreciar um espetáculo no meio da semana.
II - Qualquer espocar de fogos de artifício tem valor, pois lembra que a felicidade está por perto e que faz parte do dia-a-dia.
III - Segundo a autora, aqueles fogos de artifício e o lançamento de um foguete têm poder de provocar o mesmo tipo de encantamento.

Assinale a alternativa correta:
(A) apenas a afirmativa I está correta;
(B) apenas as afirmativas I e II estão corretas;
(C) apenas as afirmativas II e III estão corretas;
(D) nenhuma das afirmativas está correta;
(E) todas as afirmativas estão corretas.

03 – Sobre o texto, é INCORRETO dizer que:
(A) o título é coerente com o fato narrado;
(B) o 1º parágrafo informa tempo e lugar;
(C) o 2º parágrafo apresenta especulações;
(D) a história se passa numa grande cidade;
(E) o narrador não participa da história.

04 – Na construção do texto, o significado da palavra escuro (L.01) se confirma em:
(A) realidade burocrática (L.30);
(B) Torre Eiffel iluminada (L.11);
(C) dia de final de campeonato (L.12/13);
(D) sinalizadores (L.31);
(E) curto-circuito (L.40).

 Gabarito 1.c-2.c-3.e-4.b 





INTERPRETAÇÃO DE TIRINHAS

Leia a tirinha da Turma da Mônica para responder às questões 1 e 2


1. Na sequência dos quadrinhos, o personagem Cebolinha, por intermédio de
 expressões faciais, comunica ao  leitor reações de
(A) sossego e felicidade.
(B) alegria e espanto.
(C) raiva e tranqüilidade.
(D) indiferença e irritação.
(E) susto e alívio.

2. . O texto de Maurício de Sousa é surpreendente porque
(A) o autor introduz, no segundo quadrinho, personagens diferentes 
      daqueles do primeiro quadrinho.
(B) Mônica, a brava, está acariciando o amigo Cascão.
(C) Cebolinha estava tão distante da cena que tinha visto, apenas, vultos.
(D) o leitor parece testemunhar, com Cebolinha, o assassinato de Cascão.
(E) o segundo quadrinho é independente do primeiro,
    não formando uma sequência.


Gabarito 1.e- 2.d






1. Sobre o texto II, é CORRETO afirmar:
a) Apesar de tratar-se de um texto essencialmente extra-verbal, sendo a comunicação verbal entre as personagens
irrelevante para o entendimento da tirinha.
b) O humor do texto está na descrições das cenas.
c) O último quadrinho mostra criticidade da personagem diante do que vê, apesar de sua inocência.
d) Trata-se de um texto argumentativo do gênero tirinha.
e)n.d.a.

2. A indignação da garotinha deve-se ao fato de:
a) Ela não acreditar na veracidade da história da novela.
b) Ela não gostar de pulôveres.
c) Ela acreditar que, ao fazer tricô, sua mãe poderia construir um bebê.
d) Ela não acreditar que a personagem da novela construirá um bebê fazendo tricô.
e) todas as alternativas estão corretas


3. A fala do último quadrinho apresenta a seguinte frase: “Minha mãe se mata fazendo tricô e
consegue fazer pulôveres!” A conjunção “e”, que une as orações, apresenta uma ideia de:
a) Contradição  b) Adição   c) Negação   d) Explicação


4. O terceiro quadrinho apresenta falas da personagem da televisão. Sobre esse quadrinho, é CORRETO afirmar:
a) A cena implícita seria perfeitamente visual ainda que não tivesse tido os outros dois quadrinhos anteriores.
b) A repetição dos vocativos só mostra o quanto o personagem da tv estava descontrolado.
c) A contundência de sinais de pontuação indica uma fala carregada de alegria e afetuosidade.
d) O locutor da fala da tv descobre que terá um bebê apenas porque sua interlocutora está fazendo tricô.

Gabarito 1.c- 2.c-3.a-4.c






Interpretação de texto literário, letra de música





AO QUE VAI CHEGAR

(Toquinho)
Voa, coração
A minha força te conduz
Que o sol de um novo amor em breve vai brilhar
Vara escuridão,
Vai onde a noite esconde a luz
Clareia seu caminho e ascende seu olhar
Vai onde a aurora mora
E acorda um lindo dia
Colhe a mais bela flor
Que alguém já viu nascer
E não esqueça de trazer força e magia,
O sonho e a fantasia
E a alegria de viver
Voa, coração
Que ele não deve demorar
E tanta coisa a mais quero lhe oferecer
O brilho da paixão
Pede a uma estrela pra emprestar
E traga junto a fé
Num novo amanhecer
Convida as luas cheia, minguante e crescente
E de onde se planta a paz,
Da paz quero a raiz
E uma casinha lá
Onde mora o sol poente
Pra finalmente a gente
Simplesmente ser feliz


Fonte: Encarte do CD Toquinho, trinta anos de música

1. Sobre o texto III, é CORRETO afirmar:
a) A relação entre título e poema é coerente, pois sabe-se que alguém especial chegará, portanto serão necessários presentes que o eu-lírico pede ao coração para trazer.
b) Há um diálogo indireto livre entre o eu-lírico e o coração, que, no poema, surge como personagem central.
c) Os presentes que serão ofertados ao que vai chegar prenunciam que este novo ser terá uma vida difícil, mas ventrosa.
d) É possível perceber que o eu-lírico deseja o melhor ao que vai chegar, mas não pretende estabelecer vínculos com ele.

2. Em algumas fontes, a letra deste poema sofre alteração ortográfica no verso 06, com a substituição da palavra ascende por acende.
Sobre essa alteração, é CORRETO afirmar:
a) As versões não alteram o significado do poema, visto que a pronúncia de “ascende” e de “acende” é a mesma.
b) As versões não alteram o significado do poema, apenas mostram realidades lingüísticas de grupos sociais diferentes, mas respeitáveis ambos.
c) As versões alteram o significado do poema, visto que a regência nominal também mudaria.
d) As versões alteram o significado do poema, visto que cada uma dessas palavras possui seu próprio significado, mas ambas as versões são possíveis.

3. Em “Colhe a mais bela flor” (v.09), a palavra “mais” apresenta o mesmo sentido que em:
a) Desejou o mais forte que podia, até que tudo aconteceu.
b) Queria sempre mais do que lhe caía nas mãos.
c) Mais que esperança, tinha fé no futuro.
d) Por mais que os enfrentasse, seus medos não o deixavam em paz







Gabarito 1.a-2.d-3.a











Texto sobre a Amazônia



     Um dos resultados da política de derrubada da floresta para a formação de pastagens foi a criação de imensas propriedades rurais com baixa produtividade e geração de poucos empregos. De acordo com o último Censo Agropecuário do IBGE, as propriedades com área maior do que 2.000 hectares, na Amazônia, correspondem a apenas 1,6% do número total de estabelecimentos rurais da região, mas abrangem 56% da área total ocupada. É uma concentração de terra anacrônica, que vai contra tudo o que já se aprendeu sobre o valor social da terra e a necessidade de aproveitar racionalmente os recursos naturais.

     
       A pequena propriedade, se bem administrada, dá mais lucro e gera muito mais  empregos. Um estudo feito por agrônomos da USP mostrou, por exemplo, que o extrativismo da castanha numa pequena área na região de Xapuri, no Acre, gerou remuneração de até 48 reais por dia para os trabalhadores, muito superior aos 6 reais por dia obtidos com a produção de arroz, milho e feijão nas áreas desmatadas. E isso sem derrubar uma só árvore da floresta. Mais uma prova de que a floresta vale muito mais em pé do que derrubada e queimada. 


       O conhecimento dos pontos fracos e da potencialidade da floresta é, certamente, a única maneira de explorá-la sem destruí-la. Isso fica claro quando se analisa o potencial da biodiversidade da floresta. Estima-se que a Amazônia esconda 10.000 substâncias que no futuro terão grande valor para as indústrias química e farmacêutica. Segundo dados da Empresa Brasileira de Biotecnologia, bastaria o Brasil assegurar a propriedade de 100 patentes para ganhar até um bilhão de dólares por ano com a comercialização de produtos.
     


      Além disso, ninguém mais defende que toda presença do homem branco precisa ser eliminada da floresta, como se chegou a afirmar no passado. Mesmo a idéia de criar bolsões de floresta cercados a cadeado desapareceu, evoluindo para o conceito de corredores ecológicos, com diversos graus de presença humana, de acordo com as características do lugar. A nova visão abriu várias linhas de pesquisa sobre como explorar a floresta com a presença do homem civilizado. E uma opção mais evidente é a do ecoturismo, que cresce no mundo todo. Só na Amazônia, o ecoturismo poderia render 13 bilhões de dólares por ano se a floresta tiver a infra-estrutura necessária. Os chamados "hotéis de selva", que hoje estão concentrados principalmente às margens do rio Negro, nas proximidades de Manaus, atraem cada vez mais turistas estrangeiros e são a maior prova de que o turismo pode ajudar o desenvolvimento da floresta de forma sustentável. Mais uma vez, fica provado que a floresta em pé vale muito mais do que no chão.
(Adaptado de Superinteressante, especial Ecologia, dezembro de 2001, p. 56-59)

1. Conclui-se do texto que o futuro da Amazônia deverá
(A) encontrar-se na exploração, até mesmo por laboratórios internacionais, de seus recursos naturais.
(B) estar na realidade comercial de seus produtos, extremamente valorizados nos outros países, especialmente os europeus.
(C)basear-se na enorme possibilidade de aproveitamento de seus recursos, tendo em vista sua biodiversidade.
(D) situar-se num grande número de propriedades rurais de criação de gado, pois o cultivo de grãos é pouco produtivo.
(E) respeitar a necessidade de ocupação de sua vasta área, por populações originárias de outras regiões, com atividades diferenciadas.

2. A ideia em torno da qual se desenvolve o texto é:
(A)A floresta vale mais em pé do que derrubada e queimada.
(B) A comercialização de produtos da floresta rende divisas para o Brasil.
(C) O homem branco precisa conquistar plenamente a Amazônia.
(D) Comunidades indígenas deveriam tornar-se as legítimas proprietárias da Amazônia.
(E) O turismo é a única possibilidade de obtenção de rendimentos na região.

3. É uma concentração de terra anacrônica, que vai contra tudo o que já se aprendeu... (final do 1o parágrafo) A opinião acima baseia-se
(A) no pequeno lucro oferecido aos proprietários dos rebanhos, em consequência da dificuldade em manter as áreas de pastagens.
(B) no fato de que o extrativismo de sementes das árvores da floresta rende bem mais aos moradores do que o cultivo de produtos agrícolas.
(C) na noção de que manter a floresta intocada é o melhor para a região, apesar dos evidentes prejuízos econômicos resultantes desse fato.
(D)no baixo aproveitamento das áreas desmatadas da floresta, com o fim dos recursos naturais e pequeno número de empregos gerados.
(E) no reduzido número de habitantes envolvidos em alguma atividade econômica, em relação à enorme extensão geográfica da região.

4. É correto afirmar que, considerando-se o contexto, corredores ecológicos são
(A) pedaços equivalentes aos antigos bolsões intocados da floresta.
(B)trechos com presença humana controlada, em defesa do ecossistema.
(C) locais sem qualquer interferência ou presença humana.
(D) regiões destinadas apenas ao ecoturismo internacional.
(E) locais devidamente preparados para atender ao turismo interno.
03 14:46
5. E isso sem derrubar uma só árvore da floresta. (7a e 8ª linhas do 2o parágrafo)
O pronome grifado acima refere-se, no texto,
(A) ao aumento das áreas desmatadas.
(B) ao maior número de empregos.
(C) à existência de pequenas propriedades.
(D) ao desenvolvimento de estudos na região.
(E)à maior remuneração dos trabalhadores.



Gabarito 1.c- 2.a-3.d-4.b-5.e




Para Maria da Graça


          Agora, que chegaste à idade avançada de 15 anos, Maria da Graça, eu te dou este livro: Alice no País das Maravilhas.
          Este livro é doido, Maria. Isto é: o sentido dele está em ti.
         Escuta: se não descobrires um sentido na loucura acabarás louca. Aprende, pois, logo de saída para a grande vida, a ler este livro como um simples manual do sentido evidente de todas as coisas, inclusive as loucas. Aprende isso a teu modo, pois te dou apenas umas poucas chaves entre milhares que abrem as portas da realidade.
        
   A realidade, Maria, é louca.

(...)
          Não te espantes quando o mundo amanhecer irreconhecível. Para melhor ou pior, isso acontece muitas vezes por ano. “Quem sou eu no mundo?” Essa indagação perplexa é o lugar-comum de cada história da gente. (...)
         


A sozinhez ( Esquece essa palavra que inventei agora sem querer ) é inevitável. Foi o que Alice falou no fundo do poço: “Estou tão cansada de estar aqui sozinha!” O importante é que ela conseguiu sair de lá, abrindo a porta. (...)

Somos tão bobos, Maria. Praticamos uma ação trivial, e temos a presunção petulante de esperar dela grandes conseqüências. Quando Alice comeu o bolo, e não cresceu de tamanho, ficou no maior dos espantos. Apesar de ser isso o que acontece, geralmente, às pessoas que comem bolo.(...)

          A gente vive errando em relação ao próximo e o jeito é pedir desculpas sete vezes por dia: “Oh, I beg your pardon!” Pois viver é falar de corda em casa de enforcado. Por isso te digo, para a tua sabedoria de bolso: se gostas de gato, experimenta o ponto de vista do rato. Foi o que o rato perguntou a Alice: “Gostarias de gatos se fosses eu?”.
          Os homens vivem apostando corrida, Maria. Nos escritórios, nos negócios, na política, nacional e internacional, nos clubes, nos bares, nas artes, na literatura, até amigos, até irmãos, até marido e mulher, até namoradas, todos vivem apostando corrida. São competições tão confusas, tão cheias de truques, tão desnecessárias, tão fingindo que não é, tão ridículas muitas vezes, por caminhos tão escondidos, que, quando os atletas chegam exaustos a um ponto, costumam perguntar: “A corrida terminou! Mas quem ganhou?” 

É bobice, Maria da Graça, disputar uma corrida se a gente não irá saber quem venceu. Se tiveres de ir a algum lugar, não te preocupe com a vaidade fatigante de ser a primeira a chegar. Se chegares sempre aonde quiseres, ganhaste.         
(...)
           Os milagres sempre acontecem na vida de cada um e na vida de todos. Mas, ao contrário do que se pensa, os melhores e mais fundos milagres não acontecem de repente, mas devagar, muito devagar. Quero dizer o seguinte: a palavra depressão cairá de moda mais cedo ou mais tarde. Como talvez seja mais tarde, prepara-te para a visita do monstro, e não te desesperes ao triste pensamento de Alice: “Devo estar diminuindo de novo”. Em algum lugar há cogumelos que nos fazem crescer novamente.

E escuta esta parábola perfeita; Alice tinha diminuído tanto de tamanho que tomou um camundongo por um hipopótamo (...). O camundongo que expulsamos ontem passou a ser um terrível rinoceronte. A alma da gente é uma máquina complicada que produz durante a vida uma quantidade imensa de camundongos que parecem hipopótamos e de rinocerontes que parecem camundongos. (...)
          Por fim: às vezes uma pessoa se abandona de tal forma ao sofrimento, que tem medo de não poder sair de lá. A dor também tem seu feitiço, e este se vira contra o enfeitiçado. (...) Conclusão: a própria dor deve ter a sua medida: é feio, é imodesto, é vão, é perigoso ultrapassar a fronteira de nossa dor, Maria da Graça.
                                                                   (Paulo Mendes Campos)



01.  A partir do oferecimento do livro “Alice no País das Maravilhas” a Maria da Graça , menina que acaba de completar quinze anos, o narrador cita passagens da obra e infere possíveis interpretações. É possível afirmar corretamente sobre a seguinte passagem: “o camundongo que expulsamos ontem passou a ser hoje um terrível rinoceronte
a)    as palavras estão empregadas em seu sentido literal, significando que temos a capacidade de enfrentar os problemas na proporção em que se apresentam.
b)    o autor faz uso do sentido denotativo das palavras, passando a idéia de que algumas vezes não sabemos discernir os grandes dos pequenos problemas.
c)    a conotação está presente, e, uma possível interpretação é a de que nem sempre mensuramos corretamente os nossos problemas.
d)    no sentido figurado, o trecho significa que, no mundo animal, nem sempre o mais forte vence.
e)    o uso do sentido conotativo justifica-se pelo caráter informativo do texto.
02.  A linguagem desempenha determinadas funções de acordo com a intenção do emissor. Do segundo ao quinto parágrafo, o narrador usa uma linguagem cheia de imperativos e vocativos. A função da linguagem predominante neste caso é:
a)    emotiva
b)    informativa
c)    apelativa
d)    poética
e)    metalingüística

03.  Ao empregar a palavra “sozinhez” destacada no texto, o autor faz uso de um(a) :
a)    arcaísmo
b)    neologismo
c)    polissemia
d)    antítese
e)    polissíndeto

04.  A idéia contida na passagem destacada: “Pois viver é falar de corda em casa de enforcado”, também está contida em qual das alternativas?
a)    pagar com a mesma moeda
b)    colocar o dedo na ferida 
c)    pular de galho em galho
d)    colher o que planta
e)    entrar na chuva para se molhar

05.  Considere as afirmativas:
I - Na passagem “prepara-te para a visita do monstro”, a palavra “monstro” refere-se a milagres.
II -  No trecho “Os homens vivem apostando corrida” está no sentido figurado.
III - No último parágrafo, o termo “Maria da Graça”, é um vocativo.
Marcar a opção CORRETA:
a)    Apenas I
b)    Apenas I e II
c)    Apenas II
d)    Apenas II e III
e)    Apenas III

Gabarito:1.c-2.c-3.b-4.b-5.d



A mulher do vizinho 

            
      
 Contaram-me que, na rua onde mora (ou morava) um conhecido e antipático general de nosso Exército, morava (ou mora) também um sueco cujos filhos passavam o dia jogando futebol com bola de meia. Ora, às vezes acontecia cair a bola no carro do general e um dia o general acabou perdendo a paciência, pediu ao delegado do bairro que desse um jeito nos filhos do sueco.
 O delegado resolveu passar uma chamada no homem, e intimou-o a comparecer à delegacia.
 O sueco era tímido, meio descuidado no vestir e pelo aspecto não parecia ser um importante industrial, dono de grande fábrica de papel (ou coisa parecida), que realmente ele era. Obedecendo a ordem recebida, compareceu em companhia da mulher à delegacia e ouviu calado tudo o que o delegado tinha
a dizer-lhe. O delegado tinha a dizer-lhe o seguinte:

         
− O senhor pensa que só porque o deixaram morar neste país pode logo ir fazendo o que quer? Nunca ouviu falar numa coisa chamada AUTORIDADES CONSTITUÍDAS? Não sabe que tem de conhecer as leis do país? Não sabe que existe uma coisa chamada EXÉRCITO BRASILEIRO que o senhor tem de respeitar? Que negócio é este? Então é ir chegando assim sem mais nem menos e fazendo o que bem entende, como se isso aqui fosse casa da sogra? Eu ensino o senhor a cumprir a lei, ali no duro: dura lex! Seus filhos são uns moleques e outra vez que eu souber que andaram incomodando o general, vai tudo em cana. Morou? Sei como tratar gringos feito o senhor.

Tudo isso com voz pausada, reclinado para trás, sob o olhar de aprovação do escrivão a um canto. O sueco pediu (com delicadeza) licença para se retirar. Foi então que a mulher do sueco interveio:


  − Era tudo que o senhor tinha a dizer a meu marido?
 O delegado apenas olhou-a espantado com o atrevimento.
  − Pois então fique sabendo que eu também sei tratar tipos como o senhor. Meu marido não é gringo nem meus filhos são moleques. Se por acaso incomodaram o general, ele que viesse falar comigo, pois o senhor também está nos incomodando.
E fique sabendo que sou brasileira, sou prima de um major do Exército, sobrinha de um coronel, E FILHA DE UM GENERAL! Morou?
   Estarrecido, o delegado só teve forças para engolir em seco e balbuciar humildemente:

         − Da ativa, minha senhora?
E ante a confirmação, voltou-se para o escrivão, erguendo os braços desalentado:
        − Da ativa, Motinha! Sai dessa...
(Fernando Sabino. A mulher do vizinho. Rio de Janeiro: Record, 1991).


1. A temática principal do conto é
(A) a relação conturbada entre estrangeiros ilegais e as autoridades constituídas.
(B) o funcionamento das patentes militares do exército brasileiro.
(C) a falta de educação das crianças da época.
(D) o abuso de poder, de maneira a reafirmar as autoridades constituídas.
(E) o rígido cumprimento das leis por parte dos cidadãos.
_________________________________________________________
2. No texto,
(A) o julgamento apressado do delegado deveu-se, entre outras razões, à aparência humilde do sueco.
(B) a reação do delegado é adequada ao prejuízo material causado pelo jogo de bola das crianças.
(C) o delegado muda seu julgamento ao perceber a polidez demonstrada pelas atitudes do sueco.
(D) o autor desenvolve uma crítica à educação contemporânea, pautada no comportamento das crianças.
(E) a mulher esclarece que o general mencionado no 1º  parágrafo é seu pai, com a mesma delicadeza de seu marido.
_________________________________________________________
3. Depreende-se corretamente do texto que o delegado
(A) torna-se acanhado diante da filha de um general, embora se mostrasse prepotente de início.
(B) encontra na figura do escrivão seu último recurso para resolver o problema.
(C) espera com sarcasmo pela intervenção da esposa do sueco.
(D) não se importa com diferenças hierárquicas por seu caráter constante.
(E) usa a expressão latina “dura lex!” a fim de demonstrar sua imparcialidade.


1.d – 2.a-3-a



O homem energético 




Imagine uma cidade antiga, sem energia elétrica. Vamos passear por ela, à noite. As ruas completamente escuras. Com um pouco de sorte, poderá haver um luar agradável, permitindo enxergar o contorno das casas e a torre da igreja.

Na sala de uma casa qualquer, após o jantar, um grande lampião de gasolina ilumina todo o ambiente. Produz uma luz intensa, muito branca, por causa de uma pequena rede de titânio que envolve a chama. Esta, aquecida, emite uma luz muito mais forte e clara que a chama tremeluzente amarelo-avermelhada de um simples lampião de querosene ou de uma lamparina.

Nessa sala, cada membro da família se entrega a um passatempo favorito: tricô, vitrola de corda, jogo de cartas, leitura. Não existe televisão, rádio, vídeo-filmes ou outros passatempos eletrônicos. Tampouco a enorme variedade de eletrodomésticos que substituem o esforço físico na realização dos trabalhos de rotina.


Sem muito que fazer, dormem demasiado cedo. A falta de luz castiga a vista; é grande o consumo de querosene, de gasolina e de velas. Toda atividade é penosa. Durante a noite, fica acesa apenas uma ou outra lamparina. O silêncio é completo. Não existem buzinas nem roncos de motores acelerados. Ouve-se apenas o ruído compassado dos cascos ferrados de cavalos batendo nas pedras do calçamento.

Parece uma cidade fictícia, mas não é. 


É São Paulo do século passado. O Brasil teve sua primeira usina hidrelétrica em 1889. Em 1900, quando começaram os bondes elétricos, em São Paulo já existia gerador a vapor. Próximo de 1930, era, preponderantemente, a gás a iluminação das ruas. Nas casas, a eletricidade era empregada apenas para acender umas poucas lâmpadas.
Como as locomotivas, as máquinas industriais eram movidas, principalmente, a vapor obtido de grandes caldeiras aquecidas pela queima de carvão inglês. De manhã, ouviam-se os apitos emitidos pelas caldeiras das fábricas, anunciando a hora da entrada para o trabalho. À tarde, os acendedores de lampiões, funcionários públicos, acendiam os postes de iluminação da cidade.

Para uma pessoa nascida no final deste século, é difícil sequer imaginar a vida na cidade sem eletricidade. Quase não se vê uma casa, modesta que seja, sem ter sobre o telhado, uma arborescente antena de televisão e, na cozinha, pelo menos um liquidificador. É o progresso, dizemos. Sem energia, não há civilização, não há desenvolvimento!

O controle de várias formas de energia deu ao homem um enorme poder sobre a natureza – de construir ou destruir. O progresso dos últimos cem anos foi superior ao que aconteceu nos cinquenta séculos da conhecida história da humanidade.

Esse progresso mecânico, porém, baseados apenas no domínio da energia, pode ser sempre considerado benéfico à espécie humana? Foi o resultado do real aumento da inteligência ou da capacidade de compreensão humana? Não poderá o emprego das diversas fontes de energia, em larga escala, gerar algum prejuízo, alguma consequência negativa para a própria natureza?
(Adaptado de BRANCO, Samuel Murgel. Energia e Meio Ambiente. São Paulo. Moderna, 1991, Coleção Polêmica)

1. De acordo com o texto, pode-se afirmar que:
a) o progresso só traz consequências benéficas à humanidade.
b) a tecnologia, ao lado bem, pode trazer o mal.
c) o homem possui inteligência para somente produzir o bem.
d) as técnicas humanas nem sempre são bem entendidas por todos.
e) jamais o homem, usando a eletricidade, proporcionará apenas o bem.

2. O texto afirma que:
A. com o progresso, a cidade de São Paulo, não mais viveu na escuridão.
B. uma cidade sem eletricidade não proporciona o conforto de hoje.
C. um paulistano de hoje, nem imagina sua cidade sem eletricidade.
D. a energia elétrica resolveu todos os problemas dos paulistanos.
E. as fontes de energia são a salvação do homem de hoje.

3. Pelo texto, pode-se concluir, unicamente, com certeza, que:
a) a história da humanidade é conhecida há pelo menos 5000 anos.
b) a eletricidade apenas foi conhecida no final do século XX.
c) o homem não consegue viver sem as fontes de energia elétrica.
d) sem energia elétrica, não há progresso humano.
e) as antenas de TV indicam progresso em benefício da humanidade.

4. Na antiga cidade de São Paulo, antes da chegada da energia elétrica, vivia-se, segundo o texto:
a) com mais intensidade familiar, no ambiente doméstico.
b) com problemas de visão, decorrentes da falta de luminosidade.
c) sem ilusão e fantasia, porque não havia videofilmes.
d) sem fraternidades, porque cada família se fechava em si mesma.
e) com problemas de comunicação, pois as antenas eram precárias.

5. De acordo com o texto, é válido afirmar que, na antiga São Paulo:
a) os eletrodomésticos substituíam o esforço físico.
b) à noite, pela falta de luz elétrica, nada se podia ver ou enxergar.
c) apenas o querosene iluminava as casas de seus habitantes.
d) a luz proveniente da queima do querosene era a mais forte de todas.
e) por não existir muita atividade à noite, dormiam cedo.

Gabarito 1.b-  2.c- 3.a- 4.a- 5.e

Questões de interpretação (interdisciplinar: texto-história-sociologia)

Texto I




Com todo o aparato de suas hordas guerreiras, não conseguiram as bandeiras realizar jamais a façanha levada a cabo pelo boi e pelo vaqueiro. Enquanto que aquelas, no desbravar, sacrificavam indígenas aos milhares, despovoando  sem  fixarem-se,  estes  foram  pontilhando de currais os desertos trilhados, catequizando o nativo para seus misteres, detendo-se, enraizando-se. No primeiro caso era o ir e voltar; no segundo, era o ir-e-ficar. E assim foi o curral precedendo a fazenda e o engenho, o vaqueiro e o lavrador, realizando uma obra de conquista dos altos sertões, exclusive a pioneira. (José Alípio Goulart, in Brasil do Boi)

1) Segundo o texto: 
a) tudo que as bandeiras fizeram foi feito também pelo boi e pelo vaqueiro. 
b) o boi e o vaqueiro fizeram todas as coisas que as bandeiras fizeram. 
c) nem as bandeiras nem o boi e o vaqueiro alcançaram seus objetivos. 
d) o boi e o vaqueiro realizaram seu trabalho porque as bandeiras abriram o caminho. 
e) o boi e o vaqueiro fizeram coisas que as bandeiras não conseguiram fazer.


2) Com relação às bandeiras, não se pode afirmar que: 
a) desbravaram  
b) mataram  
c) catequizaram 
d) despovoaram 
e) não se fixaram


3) Os índios foram: 
a) maltratados  
b) aviltados  
c) expulsos 
d) presos 
e) massacrados


4) O par que não caracteriza a oposição existente entre as bandeiras e o 
boi e o vaqueiro é: 
a) aquelas (/. 3) / estes (/. 4) 
b) ir-e-voltar (/. 6/7) / ir-e-ficar (/. 7) 
c) no primeiro caso (/. 6) / no segundo (/. 7) 
d) enquanto (/. 3) / e assim [1.7)  
e) despovoando (/. 4) / pontilhando (/. 5)


5) “...catequizando o nativo para seus misteres...” Das alterações feitas na 
passagem acima, a que altera basicamente o seu sentido é: 
a) doutrinando o indígena para seus misteres 
b) catequizando o aborigine para suas atividades 
c) evangelizando o nativo para seus ofícios 
d) doutrinando o nativo para seus cuidados 
e) catequizando o autóctone para suas tarefas


6) O elemento conector que pode substituir a preposição com (/. 1), 
mantendo o sentido e a coesão textual, é: 
a) mesmo  
b) não obstante  
c) de 
d) a respeito de 
e) graças a


7) “...o aparato de suas hordas guerreiras...” sugere que as conquistas dos 
bandeirantes ocorreram com: 
a) organização e violência 
b) rapidez e violência 
c) técnica e profundidade 
d) premeditação e segurança 
e) demonstrações de racismo e violência


Gabarito: 1e-2c-3e-4d-5d-6a-7a



Texto II


Pode dizer-se que a presença do negro representou sempre fator obrigatório no desenvolvimento dos latifúndios coloniais. Os antigos moradores da terra foram, eventualmente, prestimosos colaboradores da indústria extrativa, na caça, na  pesca,  em  determinados  ofícios  mecânicos e na criação do gado. Dificilmente se acomodavam, porém, ao trabalho acurado e metódico que exige a exploração dos canaviais. Sua tendência espontânea era para as atividades menos sedentárias e que pudessem exercer-se sem regularidade forçada e sem vigilância e fiscalização de estranhos. (Sérgio Buarque de Holanda, in Raízes)
1.  Segundo o autor, os antigos moradores da terra:
a) foram o fator decisivo no desenvolvimento dos latifúndios coloniais.
b) colaboravam com má vontade na caça e na pesca.
c) não gostavam de atividades rotineiras.
d) não colaboraram com a indústria extrativa.
e) levavam uma vida sedentária.

2. “Trabalho acurado” (l. 6) é o mesmo que:
a) trabalho apressado
b) trabalho aprimorado
c) trabalho lento
d) trabalho especial
e) trabalho duro

3.  Na expressão “tendência espontânea” (/. 7), temos uma(a):
a) ambiguidade
b) cacofonia
c) neologismo
d) redundância
e) arcaísmo

4. Infere-se do texto que os antigos moradores da terra eram:
a) os portugueses
b) os negros
c) os índios
d) tanto os índios quanto os negros
e) a miscigenação de portugueses e índios

5. Pelo visto, os antigos moradores da terra não possuíam muito (a): 
a) disposição
b) responsabilidade
c) inteligência
d) paciência
e) orgulho 


Gabarito:1c-2b-3d-4c-5d






Questões com trecho de Memórias póstumas de Brás Cubas (Machado de Assis)

Texto
Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. Moisés, que também contou a sua morte, não a pôs no intrólito, mas no cabo: diferença radical entre este livro e o Pentateuco. (Machado de Assis, in Memórias Póstumas de Brás Cubas)

1. Pode-se afirmar, com base nas ideias do autor-personagem, que se trata:
a) de um texto jornalístico
b) de um texto religioso
c) de um texto científico
d) de um texto autobiográfico
e) de um texto teatral

2. Para o autor-personagem, é menos comum:
a) começar um livro por seu nascimento.
b) não começar um livro por seu nascimento, nem por sua morte.
c) começar um livro por sua morte.
d) não começar um livro por sua morte.
e) começar um livro ao mesmo tempo pelo nascimento e pela morte.

3. Deduz-se do texto que o autor-personagem:
a) está morrendo.
b) já morreu.
c) não quer morrer.
d) não vai morrer.
e) renasceu.

4. A semelhança entre o autor e Moisés é que ambos:
a) escreveram livros.
b) se preocupam com a vida e a morte.
c) não foram compreendidos.
d) valorizam a morte.
e) falam sobre suas mortes.

5.  A diferença capital entre o autor e Moisés é que: 
a) o autor fala da morte; Moisés, da vida.
b) o livro do autor é de memórias; o de Moisés, religioso.
c) o autor começa pelo nascimento; Moisés, pela morte.
d) Moisés começa pelo nascimento; o autor, pela morte.
e) o livro do autor é mais novo e galante do que o de Moisés.


Gabarito: 1d-2c-3b-4e-5d



O problema ecológico
Se uma nave extraterrestre invadisse o espaço aéreo da Terra, com certeza seus tripulantes diriam que neste planeta não habita uma civilização inteligente, tamanho é o grau de destruição dos recursos naturais. Essas são palavras de um renomado cientista americano. Apesar dos avanços obtidos, a humanidade ainda não descobriu os valores fundamentais da existência. O que chamamos orgulhosamente de civilização nada mais é do que uma agressão às coisas naturais. A grosso modo, a tal civilização significa a devastação das florestas, a poluição dos rios, o envenenamento das terras e a deterioração da qualidade do ar. O que chamamos de progresso não passa de uma degradação deliberada e sistemática que o homem vem promovendo há muito tempo, uma autêntica guerra contra a natureza.
Afrânio Primo. Jornal Madhva (adaptado).
1) Segundo o Texto I, o cientista americano está preocupado com:
(A) a vida neste planeta.
(B) a qualidade do espaço aéreo.
(C) o que pensam os extraterrestres.
(D) o seu prestígio no mundo.
(E) os seres de outro planeta.
2) Para o autor, a humanidade:
(A) demonstra ser muito inteligente.
(B) ouve as palavras do cientista.
(C) age contra sua própria existência.
(D) preserva os recursos naturais.
(E) valoriza a existência sadia.
3) Da maneira como o assunto é tratado no Texto I, é correto afirmar que o meio ambiente está degradado porque:
(A) a destruição é inevitável.
(B) a civilização o está destruindo.
(C) a humanidade preserva sua existência.
(D) as guerras são o principal agente da destruição.
(E) os recursos para mantê-lo não são suficientes.
4) A afirmação: “Essas são palavras de um renomado cientista americano.” (l. 4 – 5) quer dizer que o cientista é:
(A) inimigo.
(B) velho.
(C) estranho.
(D) famoso.
(E) desconhecido.
5) Se o homem cuidar da natureza _______ mais saúde. A forma verbal que completa corretamente a lacuna é:
(A) teve.
(B) tivera.
(C) têm.
(D) tinha.
(E) terá.

Gabarito: 1 A- 2 C- 3 B- 4 D - 5 E



Texto 



Liberado
Tido como perigoso durante décadas, o ovo foi reabilitado por pesquisadores do mundo todo. E atenção: ele não aumenta as taxas de colesterol no sangue como se pensava. De quebra ajuda a emagrecer
“Agora essa. Descobriram que o ovo, afinal, não faz mal. Durante anos nos aterrorizaram. Ovos eram bombas de colesterol. Não eram apenas desaconselháveis, eram mortais. Você podia calcular em dias o tempo de vida perdido cada vez que comia uma gema.” Assim começa a crônica Ovo, em que o
escritor Luis Fernando Verissimo demonstra sua indignação por ter sido afastado dessa iguaria durante um bom pedaço da sua vida – restrição que não foi exatamente fácil para ele. “Sei não, mas me devem algum tipo de indenização. [...] O fato é que quero ser ressarcido de todos os ovos fritos que não comi nestes anos de medo inútil. E os ovos mexidos, e os ovos quentes, e as omeletes babadas, e os toucinhos do céu, e, meu Deus, os fios de ovos. Os fios de ovos que não comi para não morrer dariam voltas no globo. Quem os trará de volta?”
Bem, a má notícia é que ninguém trará os fios de ovos de volta. E, claro, não há quem pense em propor uma indenização aos apreciadores desse alimento. A boa nova é que, nos últimos anos, o ovo realmente vem sendo objeto de uma reabilitação poucas vezes vista na história da Medicina. Até mesmo os cardiologistas mais radicais, aqueles que demonizaram os ovos como os maiores vilões da saúde do
coração, começam a rever suas posições. A virada se deve a uma série de estudos científicos, muitos deles com dezenas de milhares de participantes, que mostram de maneira muito contundente que a sua condenação foi uma espécie de julgamento sumário. Se fosse uma questão criminal, seria um
caso clássico de erro jurídico. Analisadas as evidências, veio a público um novo veredicto: o ovo está absolvido. E as provas, diga-se, não são poucas. (...)
Com o avanço da Medicina, descobriu-se que apenas uma pequena parcela do colesterol sanguíneo provém da dieta – a maior parte é produzida pelo próprio organismo. Portanto, elevar a ingestão de colesterol não provoca necessariamente elevação significativa dos níveis da substância.
Essas evidências levaram a Associação Americana do Coração a revisar nos últimos anos suas influentes diretrizes dietéticas. O colesterol da alimentação, segundo seus membros, ainda deve ficar restrito aos 300 miligramas diários. Mas o veto ao ovo tornou-se mais ameno – o que é um sinal de maturidade
científica. Algumas pessoas, como os diabéticos e aqueles que já sofreram infartos, devem obedecer realmente à antiga limitação de três unidades semanais. Aos demais indivíduos a mensagem é clara: o ovo está liberado. Infelizmente, sem a possibilidade de indenização para quem sentiu sua falta no
prato esses anos todos.
(MONTENEGRO, Tito. In: Nutrição. Revista Saúde. jun 2007. p. 21-25)

1.    O tema do Texto 1 está melhor explicitado em:
A) A revolta dos apreciadores de ovo.
B) A reabilitação do consumo de ovo.
C)  O prejuízo causado pelos erros médicos.
D) Os avanços da Medicina no controle do colesterol.
E) A importância da Associação Americana do Coração.

 2. De acordo com o texto, podemos afirmar que:
A) o colesterol que ingerimos não é o maior responsável pelo aumento de seus níveis no sangue.
B) estudos científicos no mundo todo mostram que o ovo não é rico em colesterol como se pensava.
C) o ovo pode ser livremente consumido por pessoas com diabetes e histórico de doenças cardíacas.
D) os apreciadores de ovo estão exigindo uma indenização pelos ovos que deixaram de comer.
E) na história da Medicina, é relativamente comum um alimento ser considerado nocivo à saúde e, algum tempo depois, acontecer o contrário.


3.  No texto, ovo também é chamado de
A) colesterol.
B) fios de ovos.
C) iguaria.
D) substância.
E) toucinhos do céu.

4. O ovo, por muito tempo excluído da dieta saudável, passou a ser visto de outra forma até pelos cardiologistas mais radicais.
O autor expressa essa mudança súbita e radical de pensamento por meio do termo
A)     condenação.
B)     indignação.
C)      maturidade.
D)      reabilitação.
E)      virada

5.  Um texto pode remeter a outros textos anteriores como fonte de sentido. Essa relação entre textos é chamada intertextualidade .
No  Texto 1, o autor lança mão da crônica Ovo para
A)      apoiar o seu argumento de que a liberação do ovo não foi  uma boa notícia.
B)      amenizar o impacto da notícia da reabilitação do ovo nos leitores.
C)      criticar a reação exagerada de Verissimo.
D)      dar um tom mais humorístico ao seu texto.
E)       dividir com Verissimo a responsabilidade de anunciar a novidade.

6.    Uma das técnicas utilizadas pelo  autor para separar fisicamente  o seu texto da crônica foi
A)   o uso de aspas.
B)   a sucessiva quebra de parágrafos.
C)  a utilização de caracteres em itálico.
D) a menção a Luiz Fernando Verissimo.
E)  a resposta à questão: “Quem os trará de volta?”

7.  Em “O fato é que quero ser ressarcido de todos os ovos fritos  que não comi nestes anos de medo inútil. E os ovos mexidos, e  os ovos quentes, e as omeletes babadas, e os toucinhos do céu, e, meu Deus, os fios de ovos.”, Verissimo enumera as delícias que inutilmente deixou de comer, entre elas, os fios de ovos, aos quais é dado um destaque especial, por meio de um apelo, em
A)  quero.
B)  de todos.
C)  inútil.
D)  toucinhos do céu.
E) meu Deus.


8.  Assinale a única alternativa que  não representa uma referência
temporal:  
A)      “durante décadas”.  
B)      “durante um bom pedaço da sua vida”.
C)     “nos últimos anos”.
D)      “poucas vezes”.
E)      “esses anos todos”.

9.    Em “Se fosse uma questão criminal, seria um caso clássico de erro jurídico”, está expressa uma relação de
A)  hipótese.
B)  conclusão.
C)  concessão.
D)  finalidade.
E)  proporcionalidade.

10.  A analogia feita pelo autor entre a condenação do ovo na Medicina e na justiça, é evidenciada pelo uso de certas palavras. Assinale a alternativa em que todos os termos remetem ao mundo jurídico:
A) criminal, diabéticos, provas.
B) provas, evidências, absolvição.
C) veredicto, julgamento, reabilitação.
D) indignação, condenação, absolvição.
E) bombas de colesterol, condenação, julgamento sumário.


Gabarito 1b- 2a- 3c- 4d- 5d- 6-a 7e- 8d- 9a- 10b


TEXTO 3º ANO TARDE
1. A
2. C
3. B
4. D
5. E



  UM PÉ DE MILHO

Rubem Braba 






 Os americanos, através do radar, entraram em contato com a Lua, o que não deixa de ser emocionante. Mas o fato mais importante da semana aconteceu com o meu pé de milho.
 Aconteceu que, no meu quintal, em um monte de terra trazida pelo jardineiro, nasceu alguma coisa que podia ser um pé de capim – mas descobri que era um pé de milho. Transplantei-o para o exíguo canteiro da casa. Secaram as pequenas folhas; pensei que fosse morrer. Mas ele reagiu. Quando estava do tamanho de um palmo, veio um amigo e declarou desdenhosamente que aquilo era capim. Quando estava com dois palmos, veio um outro amigo e afirmou que era cana.
 Sou um ignorante, um pobre homem da cidade. Mas eu tinha razão. Ele cresceu, está com dois metros, lança suas folhas além do muro e é um esplêndido pé de milho. Já viu o leitor um pé de milho? Eu nunca tinha visto. Tinha visto centenas de milharais – mas é diferente.
 Um pé de milho sozinho, em um canteiro espremido, junto do portão, numa esquina de rua – não é um número numa lavoura, é um ser vivo e independente. Suas raízes roxas se agarram no chão e suas folhas longas e verdes nunca estão imóveis. Detesto comparações surrealistas – mas na lógica de seu crescimento, tal como vi numa noite de luar, o pé de milho parecia um cavalo empinado, de crinas ao vento e em outra madrugada, parecia um galo cantando.
 Anteontem aconteceu o que era inevitável, mas que nos encantou como se fosse inesperado: meu pé de milho pendoou. Há muitas flores lindas no mundo, e a flor de milho não será a mais linda. Mas aquele pendão firme, vertical, beijado pelo vento do mar, veio enriquecer nosso canteirinho vulgar com uma força e uma alegria que me fazem bem. É alguma coisa que se afirma com ímpeto e certeza. Meu pé de milho é um belo gesto da terra. Eu não sou mais um medíocre homem que vive atrás de uma chata máquina de escrever: sou   um rico lavrador da rua Júlio de Castilhos.
  

  
 1  -   A expressão sublinhada no segmento “Os americanos, através do radar...”, indica:
 (A)       lugar;
 (B)       instrumento;
 (C)       meio;
 (D)       causa;
 (E)        condição.
  
2 - A crônica acima foi escrita há mais de vinte anos por Rubem Braga; o segmento do texto que mostra sua não-atualidade é:
 (A)       “Os americanos, através do radar, entraram em contato com a Lua,...”;
 (B)       “...sou um rico lavrador da Rua Júlio de Castilhos”;
 (C)       “Anteontem aconteceu o que era inevitável...”;
 (D)       “Sou um ignorante, um pobre homem da cidade”;
 (E)        “Detesto comparações surrealistas...”.
  
3 -   Entre os dois períodos do primeiro parágrafo do texto, a oposição mais importante para o próprio texto é:
 (A)       estrangeiros X brasileiros;
 (B)       emocionante X frio;
 (C)       universal X particular;
 (D)       cósmico X terrestre;
 (E)        tecnológico X rudimentar.
  
4 - “...nasceu alguma coisa que podia ser um pé de capim...”, “...e declarou desdenhosamente que aquilo era capim.”; os dois elementos sublinhados no texto indicam, respectivamente:
  (A)       desprezo / desconhecimento;
 (B)       desconhecimento / desprezo;
 (C)       desconhecimento / desconhecimento;
 (D)       desprezo / desprezo;
 (E)        afetividade / menosprezo.

5 -   O motivo que levou o autor a escrever a crônica foi:
  (A)       os americanos terem estabelecido comunicação com a lua;
 (B)       ter nascido um pé de milho em seu canteiro;
 (C)       o pé de milho de seu canteiro ter pendoado;
 (D)       o pé de milho de seu canteiro ter conseguido sobreviver ao transplante;
 (E)        ter sido confirmada a sua opinião de que o que nascia era um pé de milho.

6 - “...não é um número numa lavoura, é um ser vivo e independente”; o segmento que confirma o que está sublinhado é:
  (A)       “Suas raízes roxas se agarram no chão...”;
 (B)       “...suas folhas longas e verdes nunca estão imóveis”;
 (C)       “...meu pé de milho pendoou”;
 (D)       “Meu pé de milho é um belo gesto da terra”;
 (E)        “...afirmou que era cana”.
    
7 - Considerando o segundo e o terceiro parágrafos do texto, o segmento que pode ser considerado uma interrupção da narrativa é:
 (A)       “Quando estava com dois palmos, veio outro amigo e afirmou que era cana”;
 (B)       “-mas descobri que era um pé de milho”;
 (C)       “Mas ele reagiu”;
 (D)       “Sou um ignorante, um pobre homem da cidade”;
 (E)        “Ele cresceu, está com dois metros...”.
  
8 - A substituição correta do termo sublinhado por um sinônimo está em:
 (A)       “Transplantei-o para o exíguo canteiro...” = raso;
 (B)       “...e declarou desdenhosamente que aquilo era capim” = depreciativamente;
 (C)       “...veio enriquecer o nosso canteirinho vulgar...” = popular;
 (D)       “Anteontem aconteceu o que era inevitável...” = imprevisível;
 (E)        “...que se afirma com ímpeto e certeza” = velocidade.


9 - A substituição da expressão sublinhada por um só termo é  inadequada em:
  (A)       “Sou um ignorante, um pobre homem da cidade” = urbano;
 (B)       “...tal como vi numa noite de luar...” = enluarada;
 (C)       “...beijado pelo vento do mar...” = marinho;
 (D)       “...exíguo canteiro da casa.” = doméstico;
 (E)        “...é um belo gesto da terra.” = terrestre.
  
10 - Em todos os segmentos abaixo há um sintagma construído por um substantivo + adjetivo (ou vice-versa); o sintagma em que a troca de posições entre esses vocábulos pode trazer mudança de sentido é:
  (A)       “Transplantei-o para o exíguo canteiro da casa”;
 (B)       “Secaram as pequenas folhas”;
 (C)       “Sou um ignorante, um pobre homem da cidade”;
 (D)       “...e é um esplêndido pé de milho”;
 (E)        “...em um canteiro espremido...”.
   
11 -   “Detesto comparações surrealistas...”; apesar disso, o autor do texto faz uma dessas comparações:
  (A)       “...o pé de milho parecia um cavalo empinado...”;
 (B)       “...beijado pelo vento...”;
 (C)       “Meu pé de milho é um belo gesto da terra”;
 (D)       “Sou um rico lavrador da rua Júlio de Castilhos”;
 (E)        “Um pé de milho sozinho (....) é um ser vivo e independente”.


12 - Item que traz um vocábulo que NÃO pertence ao mesmo campo semântico das demais é:
  (A)       quintal / jardineiro / capim;
 (B)       folhas / cana / milharais;
 (C)       lavoura / raízes / chão;
 (D)       flores / pendão / terra;
 (E)        lavrador / pé de milho / cavalo.
  

13 - O fato de comparar o pé de milho a um cavalo empinado e a um galo cantando destaca uma característica do pé de milho, que é o(a):
  (A)       solidão;
 (B)       altivez;
 (C)       mediocridade;
 (D)       colorido;
 (E)        beleza.
  
14 -   “Eu não sou mais um medíocre homem que vive atrás de uma chata máquina de escrever...”; o comentário INCORRETO sobre esse segmento do texto é:
  (A)       o autor fala depreciativamente de seu ofício de escritor;
 (B)       o vocábulo mais tem valor de tempo;
 (C)       o adjetivo chata na verdade não se refere à máquina de escrever;
 (D)       o adjetivo medíocre refere-se ao homem que escreve e não ao cronista;
 (E)        máquina de escrever traz implicitamente uma datação da crônica.
  
15 -   “Um pé de milho...”; às vezes empregamos vocábulos que designam partes do corpo humano na caracterização de seres inanimados. Esse processo está ausente em:
  (A)       Deixei as sementes junto com os dentes de alho.
 (B)       Na festa serviram um prato de língua de boi.
 (C)       Pendurei o casaco nas costas da cadeira.
 (D)       Os sapatos estavam perto da perna da mesa.
 (E)        O filho da barriga da perna mama no peito do pé.
  
16 - Ao dizer, na última frase, “sou um rico lavrador da rua Júlio de Castilhos”, o cronista quer dizer que:
  (A)       pretende ganhar dinheiro, plantando milho;
 (B)       vai continuar pobre, apesar de possuir um pé de milho;
 (C)       ganhou importância em decorrência do nascimento da flor do pé de milho;
 (D)       os outros lavradores da região vão passar a invejá-lo;
 (E)        passou a lavrador numa região imprópria para isso.

 17 - O segmento do texto em que a troca de classes entre as palavras sublinhadas NÃO é correta:
  (A)       “Mas aquele pendão firme, vertical...” – mas aquela firmeza e verticalidade do pendão;
 (B)       “Um pé de milho sozinho...” – a solidão de um pé de milho;
 (C)       “Suas raízes roxas...” – a roxidão de suas raízes;
 (D)       “...suas folhas longas e verdes...” – a lonjura e verdura de suas folhas;
 (E)        “Detesto comparações surrealistas...” – o surrealismo das comparações.
  
18 - “Já viu o leitor um pé de milho?”; a única forma  incorreta desse mesmo segmento do texto, mantendo-se o sentido original, é:

 (A)       O leitor já viu um pé de milho?
 (B)       Viu já o leitor um pé de milho?
 (C)       Um pé de milho já foi visto pelo leitor?
 (D)       Já viu um pé de milho, o leitor?
 (E)        Já o   leitor, viu um pé de milho?

 19 - O cronista compõe inicialmente sua crônica em primeira pessoa do singular, mas no quinto parágrafo muda para a primeira pessoa do plural: “...mas que nos encantou...”, “...veio enriquecer nosso canteirinho vulgar...”; isto significa que:
  (A)       o cronista enganou-se na estruturação do texto;
 (B)       a crônica passou a considerar também o leitor como participante;
 (C)       outras pessoas devem viver com o cronista;
 (D)       o canteiro devia pertencer ao condomínio;
 (E)        o cronista ampliou as apreciações para todo o gênero humano.


20 - O item em que o adjetivo tem valor objetivo e  não representa uma opinião do cronista é:
  (A)       “...esplêndido pé de milho...”;
 (B)       “...um pobre homem da cidade...”;
 (C)       “Um pé de milho sozinho...”;
 (D)       “...muitas flores lindas no mundo...”;
 (E)        “...nosso canteirinho vulgar...”


Gabarito – Um pé de milho

1 c  2a 3c 4b 5c 6a 7d 8b 9c 10 c 11a  12e  13b 14c 15b 16c 17d 18e 19c 20c






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