A crônica
O vocábulo “crônica” mudou de sentido ao longo dos séculos,
primeiramente designava uma relação de acontecimentos em função de uma
organização cronológica. Hoje denomina um texto híbrido, de estrutura livre,
essencialmente conotativo e que faz uma análise
de fatos do dia-a-dia.
A crônica, como a conhecemos hoje, nasceu no meio jornalístico (França,
séc. XIX) a partir do momento em que a impessoalidade jornalística foi
quebrada, ou seja, a notícia passou e ser comentada. Nesse caso há de se
salientar a transferência de funções da referencial para a poética.
Dos textos jornalísticos, a crônica é a que mais se aproxima da
literatura, pois, mesmo colhendo o seu material no cotidiano, em fatos
corriqueiros, ela tem uma linguagem
subjetiva, muitas vezes poética, capaz de sensibilizar o leitor.
A crônica moderna adquiriu diversas facetas: humorística, reflexiva,
narrativa, descritiva, argumentativa, tornando-se, sem dúvida, o gênero que
mais apresenta variações. Para o vestibular, geralmente não se cobra
especificamente um tipo de crônica, mas o faz de maneira geral. No caso d, redação o candidato deve estar atento
à proposta, pois ela apresenta os condicionamentos quanto ao tipo de crônica a
ser cobrado. Em regra geral, a crônica é um comentário leve e breve sobre
algum fato do cotidiano. Algo para ser lido enquanto se toma o café da manhã,
na feliz expressão de Fernando Sabino
Características gerais
- Linguagem de acordo com a situação
- Abordagem do cotidiano e do pitoresco
- Análise do comportamento humano ou de
fenômenos naturais
- Aspectos da dissertação subjetiva
- Aspectos
da narrativa
- Aspectos da descrição
- Marcas da oralidade
- Função
poética
- Ambiguidade;
- Função Metalinguística;
- Estranhamento;
- Impressionismo;
- Explanação
- Utilização da terceira pessoa ou primeira
pessoa;
- Utilização de título, quando requisitada
- Desenvolvimento de ações de personagens a
partir de uma situação determinada, geralmente, corriqueira.
Exemplo
O pavão
E
considerei a glória de um pavão ostentando o esplendor de suas cores; é um luxo
imperial. Mas andei lendo livros, e descobri que aquelas cores todas não
existem na pena do pavão. Não há pigmentos. O que há são minúsculas bolhas
d’água em que a luz se fragmenta, como em um prisma.
O pavão é um arco-íris de plumas.
O pavão é um arco-íris de plumas.
Eu
considerei que este é o luxo do grande artista, atingir o máximo de matizes com
o mínimo de elementos. De água e luz ele faz seu esplendor; seu grande mistério
é a simplicidade. Considerei, por fim, que assim é o amor, oh! Minha amada; de
tudo que ele suscita e esplende e estremece e delira em mim existem apenas meus
olhos recebendo a luz de teu olhar. Ele me cobre de glórias e me faz magnífico.
(BRAGA,
Rubem. Ai de ti, Copacabana.
20.ed.)