terça-feira, 12 de setembro de 2017

A crônica


O vocábulo “crônica” mudou de sentido ao longo dos séculos, primeiramente designava uma relação de acontecimentos em função de uma organização cronológica. Hoje denomina um texto híbrido, de estrutura livre, essencialmente conotativo e que faz uma análise  de fatos do dia-a-dia.
A crônica, como a conhecemos hoje, nasceu no meio jornalístico (França, séc. XIX) a partir do momento em que a impessoalidade jornalística foi quebrada, ou seja, a notícia passou e ser comentada. Nesse caso há de se salientar a transferência de funções da referencial  para a poética.  
Dos textos jornalísticos, a crônica é a que mais se aproxima da literatura, pois, mesmo colhendo o seu material no cotidiano, em fatos corriqueiros,  ela tem uma linguagem subjetiva, muitas vezes poética, capaz de sensibilizar o leitor.
A crônica moderna adquiriu diversas facetas: humorística, reflexiva, narrativa, descritiva, argumentativa, tornando-se, sem dúvida, o gênero que mais apresenta variações. Para o vestibular, geralmente não se cobra especificamente um tipo de crônica, mas o faz de maneira geral. No  caso d, redação o candidato deve estar atento à proposta, pois ela apresenta os condicionamentos quanto ao tipo de crônica a ser cobrado. Em regra geral, a crônica é um comentário leve e breve sobre algum fato do cotidiano. Algo para ser lido enquanto se toma o café da manhã, na feliz expressão de Fernando Sabino

Características gerais

  • Linguagem de acordo com a situação
  • Abordagem do cotidiano e do pitoresco
  • Análise do comportamento humano ou de fenômenos naturais
  • Aspectos da dissertação subjetiva
  • Aspectos  da narrativa
  • Aspectos da descrição
  • Marcas da oralidade
  •  Função poética
  • Ambiguidade;
  • Função Metalinguística;
  • Estranhamento;
  • Impressionismo;
  • Explanação
  • Utilização da terceira pessoa ou primeira pessoa;
  • Utilização de título, quando requisitada
  • Desenvolvimento de ações de personagens a partir de uma situação determinada, geralmente, corriqueira.


Exemplo

O pavão


   E considerei a glória de um pavão ostentando o esplendor de suas cores; é um luxo imperial. Mas andei lendo livros, e descobri que aquelas cores todas não existem na pena do pavão. Não há pigmentos. O que há são minúsculas bolhas d’água em que a luz se fragmenta, como em um prisma.            


 O pavão é um arco-íris de plumas.


       Eu considerei que este é o luxo do grande artista, atingir o máximo de matizes com o mínimo de elementos. De água e luz ele faz seu esplendor; seu grande mistério é a simplicidade. Considerei, por fim, que assim é o amor, oh! Minha amada; de tudo que ele suscita e esplende e estremece e delira em mim existem apenas meus olhos recebendo a luz de teu olhar. Ele me cobre de glórias e me faz magnífico.
(BRAGA, Rubem. Ai de ti, Copacabana. 20.ed.)


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