sábado, 22 de julho de 2017


Tema para dissertação: armas de fogo.

Olá, para facilitar a construção dos seus argumentos leia os textos disponibilizados e outros que você puder. lembre-se que somente podemos analisar criticamente aquilo que conhecemos!

Tema: leia o texto abaixo e redija um texto dissertativo argumentativo de, 18 a 25 linhas sobre o seguinte tema:

“Armar a população poderia ser uma medida favorável para a redução da criminalidade e da violência?”


“O Brasil é o País que mais mata por arma de fogo no mundo”
Estudo publicado hoje mostra que a cada quatro pessoas mortas por armas de fogo no País três são negras. São as mortes anunciadas, que revelam o descaso do País com essa parcela de brasileiros. Não é pouca gente
 (25/08/2016 11:05, atualizada às 13/01/2017 18:31)
O novo Mapa da Violência, estudo sobre mortes provocadas por armas de fogo publicado hoje pela Faculdade Latinoamericana de Ciências Sociais (Flacso), alerta que, apesar da queda no número de homicídios nos últimos 10 anos, a contínua distribuição de armas de fogo e o aumento dos arsenais está retomando o crescimento dos assassinatos por armas de fogo de forma descontrolada. 
Entre 1980 e 2014, morreram 830.420 pessoas por disparos de armas de fogo. São as mortes anunciadas. As vítimas continuam sendo jovens, negros, pobres e de periferias urbanas, com pouco acesso à educação, ao mercado de trabalho e de cultura. E pior: as vidas perdidas são cada vez mais jovens e mais negras. É um quadro que demonstra descaso – e racismo – em relação a essa parcela da população brasileira. “Sabemos exatamente quantos vão morrer por armas de fogo o ano que vem, daqui a dois, três, quatro anos, porque as pálidas medidas de enfrentamento da violência são contestadas neste momento pelo lobby da bala, das armas de fogo”, afirma o sociólogo Julio Jacobo Waiselfiz, responsável pelo Mapa da Violência 2016. [...]
 “A violência não se erradica apenas com o desarmamento. O que se tira é a letalidade da violência”, explica Jacobo. “A continua distribuição de armas, o lobby das empresas fabricantes representadas por diversos personagens dentro do Legislativo e do Judiciário, está levando o País a uma carnificina de brasileiros a nível nacional.” De acordo o sociólogo, somos o país que mais mata por arma de fogo no mundo, mais que os Estados Unidos ou outros países que têm maior numero de armas.
Brasileiros “matáveis”
Medidas pontuais como o Estatuto do Desarmamento são importantes mas limitadas. Precisam de outras políticas complementares para que sustentem o enfrentamento à violência. “O Brasil tem uma cultura de violência reforçada pela circulação ampla de armas de fogo. Morrem cada vez mais jovens, cada vez mais negros, com média educacional de três a quatro vezes menor do que o resto da juventude nacional. É um perfil muito delimitado”, afirma JacoboSão os “matáveis”. “Há uma cultura de que esses jovens são ‘matáveis’.”
Para estancar a matança, seria necessárias políticas de juventude e políticas para a juventude. “As políticas que existem para segurança são totalmente insuficientes, quando não são ineficientes”, denuncia o sociólogo. Ao comparar dados da virada do século com os atuais, percebe-se que a violência diminuiu justamente nos estados onde naquele momento era elevada, como São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco. O que aconteceu é que foi criado o Fundo Nacional de Segurança Pública, que levou recursos para esses locais. Fizeram ações específicas que agora não dão conta da complexidade do problema. O resultado é que os índices voltaram a aumentar. [..]
Estrutura da mortalidade por arma de fogo
Apesar da implementação de algumas políticas nos últimos 13 anos, ainda somos um País que parece não ter nem constrangimento que gerações de jovens negros sejam exterminadas. Como se essas vidas não tivessem valor, ou até, como se interessasse à elite, que precisa manter seus privilégios, que essas pessoas desaparecessem. É uma vergonha.
A média de idade dos brasileiros que morrem assassinados a bala é 20 anos. Entre 1980 e 2014, houve um aumento nas taxas para esse grupo populacional (15 a 29 anos) de 699,5%. Não é pouca gente. São cerca de 26% da população total do Brasil, segundo o IBGE. A única medida que estagnou esses dados temporariamente foi o Estatuto do Desarmamento, que corre o risco de ser revisto e derrubado no Congresso brasileiro. A escalada da violência letal começa aos 13 anos. [...]
Daqueles que morrem no Brasil por arma de fogo, 70% são negros (pretos e pardos). Enquanto a média desse tipo de homicídio no País é 10,7 por 100 mil habitantes para brancos, sobe para 27,4 para negros e chega a 71,7 por 100 mil habitantes negros em Alagoas. Ou seja, a violência letal considera a cor, em primeiro lugar, e é uma questão de faixa etária, em segundo lugar. Quem morre são jovens negros.[...]
 Que lugar é esse que assiste a essa história macabra e passa 20 anos sem enfrentar seria e definitivamente essa situação? Não por acaso, o Brasil é o País do mundo que mais trouxe escravos da África e onde a escravidão durou mais tempo no planeta inteiro.
Para entender a influência do controle de armas de fogo sobre essas mortes, leia também: Controle de armas e manutenção da vida 

 

O porte de armas aumenta ou diminui a violência?

Na dança de estatísticas sobre armas de fogo e criminalidade, cada um escolhe os dados que sustentam a própria opinião

Por Leandro Narloch
(access_time9 fev 2017, 18h28 - Publicado em 6 nov 2015, 15h23)

O viés da confirmação (a tendência de valorizar e interpretar fatos e estatísticas de modo que confirmem a própria opinião) está atuando com toda a força nas discussões sobre mudanças no Estatuto do Desarmamento.
Quem defende ou se opõe à medida, que facilitará a compra e o porte de armas, usa dados dos mais diversos sobre armas de fogo e violência. O complicado é que há uma dose de verdade mesmo nas afirmações mais divergentes.
Pode-se afirmar, por exemplo, que países entre os mais pacíficos do mundo baniram armas para uso pessoal. É o caso do Japão, onde a taxa de homicídios é de 0,3 por 100 mil habitantes. (No Brasil, há oito armas a cada cem habitantes, e a taxa de homicídios é de 20 por 100 mil).
Mas a afirmação contrária também é possível. Alemanha, Suécia e Áustria têm mais 30 armas de fogo por cem habitantes – e taxas baixíssimas de homicídio. Honduras, o país mais violento do mundo, tem proporcionalmente muito menos armas (seis a cada cem habitantes).
Armar a população resulta em mais violência em um país? O economista Daniel Cerqueira, concluiu que cada ponto percentual de aumento do número de armas de fogo resulta num crescimento de 2% do número de vítimas.
Já Benê Barbosa, autor de Mentiram para mim sobre o desarmamento, mostra números opostos e igualmente convincentes. A violência despencou nos Estados Unidos na última década, enquanto a venda de armas de fogo subiu. No Brasil, os estados mais violentos são justamente os que possuem menos armaslegalizadas.
É possível ainda que as armas de fogo tenham um efeito ambivalente – aumentem e ao mesmo tempo diminuam a violência. O maior porte de armas talvez faça crescer os casos de homicídio e suicídio, mas reduza a taxa de furto, latrocínio e violência contra a mulher.
Nessa dança de estatísticas, cada um acredita no que quiser. Eu fico em cima do muro. O total de armas legalizadas não me parece um fator relevante para aumentar ou diminuir a violência em um país. O que determina a criminalidade é o império da lei.
@lnarloch



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